2004-10-11 18:40:07

Aumento das despesas militares torna o mundo mais inseguro, afirma representante da Santa Sé na ONU


Nova York, 09 out (RV)- "O medo de ataques terroristas e de novas guerras" determina um perigoso aumento das despesas militares, tornando o mundo mais inseguro. Essa foi a reflexão feita pelo Arcebispo Dom Celestino Migliore, no âmbito da 59ª sessão da Assembléia Geral da ONU, sobre o tema "Desarmamento geral e total".

O Observador Permanente da Santa Sé na ONU ressaltou que no ano passado, as despesas feitas com armamentos "alcançaram uma cifra de 956 bilhões de dólares com um incremento de 11% em relação a 2002". Este ano, acrescentou Dom Celestino Migliore, serão superados "os níveis máximos do período da Guerra Fria".

A seguir, o Arcebispo afirmou que "uma maior dependência das armas, grandes e pequenas, está colocando o mundo distante da segurança".

Por outro lado, um efeito negativo de tal despesa em "instrumentos de morte", disse Dom Migliore, é o fato de os governos não assumirem mais compromissos a longo prazo "no campo da instrução e da assistência sanitária", distanciando-se cada vez mais do alcance dos "Objetivos do milênio" contra a pobreza.

O Observador Permanente da Santa Sé na ONU se deteve, a seguir, sobre a chaga do terrorismo. "Certamente _ observou ele _ não se pode dizer que a pobreza seja a causa direta do terrorismo, mas é verdade que os terroristas exploram as condições de pobreza, de modo a produzir mais conflitos e mais violência."

Além disso, Dom Migliore constatou que a variedade das armas usadas pelos terroristas em suas ações e seu "alcance global" significam que "essas armas são produzidas e vendidas em nível internacional, em mercados negros e por Estados que os sustentam". Os Estados devem, então, intensificar os esforços para "reduzir a fácil disponibilidade dessas armas".

Nesse contexto, prosseguiu o Arcebispo, é particularmente preocupante "a fragilidade do Tratado de não-proliferação Nuclear", enquanto a proliferação dessas armas "aumenta enormemente a probabilidade de sua aquisição por parte dos terroristas".

Desde a sua assinatura em 1968, recordou o prelado, houve um contraste entre os países possuidores de armas nucleares e os não possuidores, e o mundo ainda não está "livre" dessas armas. Pelo contrário, "tentou-se modernizar as armas nucleares" levando a uma situação "sempre mais insustentável e inaceitável".

A comunidade internacional, exortou o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, deve "apoiar todo tipo de desarmamento, de desmobilização e de esforço de reintegração na África e onde quer que exista a necessidade de ações desse tipo".

Por fim, o representante vaticano expressou o desejo de que a "I Conferência de revisão da convenção sobre as minas terrestres" _ programada para se realizar em Nairóbi, Quênia, daqui a dois meses _ possa "renovar os esforços, de modo a promover a implementação global da Convenção a fim de levar a cabo, num futuro não distante, o sonho de um mundo livre" desses instrumentos de morte. (RL)








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