Dalai Lama critica quem usa a religião para manipular emoções das pessoas

México, 04 out (RV)– O Dalai Lama, Tensin Gyatso, criticou hoje, num ofício ecumênico celebrado na Catedral de Cidade do México, aqueles que usam a religião para manipular as emoções de seus seguidores, por razões econômicas ou políticas.

O líder budista tibetano disse aos representantes de nove confissões religiosas reunidos na cerimônia durante a qual rezaram pela paz, que as emoções que não nascem de uma meditação e se unem a um conteúdo religioso, tornam-se destrutivas e geram conflitos.

O líder religioso do Tibet disse que tanto no passado quanto no presente, e em religiões diversas, houve problemas quando ocorreram manipulações por motivos políticos ou interesses financeiros.

Ele explicou que em nome das religiões, há quem manipule as emoções dos seres humanos, de modo particular “as emoções que nascem circunstancialmente, tais como o ódio e a suspeita, que são facilmente manipuláveis”. “e essas emoções ficam sem controle e se unem a um conteúdo religioso _ disse o Dalai Lama _ então elas adquirem um potencial destrutivo.”

O líder budista pediu, todavia, que não se condenem as religiões somente por um grupo minoritário de pessoas “más” que existem dentro das mesmas; e criticou aqueles que falam da existência de um choque entre o Ocidente e o mundo islâmico. Quem afirma isso está equivocado, ponderou.

O Dalai Lama sugeriu que outras emoções sejam cultivadas, no lugar do ódio e da intolerância: a compaixão, a tolerância, a fraternidade e o perdão, que são _ sublinhou _ “emoções positivas e estáveis”. As religiões tradicionais têm _ acrescentou _ “potencial para promover os valores humanos”.

Ele concluiu, pedindo que os líderes religiosos mundiais ajudem a humanidade a encontrar a paz.

Participaram do ofício ecumênico em prol da paz, na Catedral da capital mexicana, líderes das Igrejas Católica, Anglicana, Greco-ortodoxa, Presbiteriana e Luterana, além da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Além disso, a cerimônia contou com a presença de representantes da comunidade hindu no México e da comunidade Sufi islâmica.

A Primeira Dama do México, Marta Sahagún, também estava presente.

O Dalai Lama, uma das mais respeitadas autoridades espirituais do mundo e Prêmio Nobel da Paz-1989, visitou o México como última etapa do giro que realizou pela América Latina.

Sua visita foi precedida de polêmicas pela decisão do Presidente conservador, Vicente Fox de não receber o Dalai Lama, para não irritar as autoridades chinesas, com as quais o México está negociando um acordo comercial.

A resposta do Dalai Lama à informação de que o Presidente não o receberia, foi: “Não há problema; estou habituado!” (AF)