Bispo acusa o governo sudanês de mentir ao mundo

Cartum, 28 jul (RV)- A Igreja Católica não desiste de chamar a atenção da opinião pública para o drama humanitário que se vive em Darfur, região ocidental do Sudão, acusando o governo sudanês de mentir ao mundo.

O Administrador Apostólico de El Obeid, Dom Antonio Menegazzo, disse à agência missionária de notícias MISNA, que “a comunidade internacional deve aumentar a pressão que está exercendo sobre o Sudão”. “O governo continua a prometer, mas não mantém a sua palavra” _ acusa Dom Menegazzo.

Segundo o Administrador Apostólico, a situação se deteriora de forma progressiva, dado que as milícias “Janjaweed” não param de atacar as aldeias, incendiando casas e saqueando as populações negras. “O governo insiste com os refugiados, para que regressem às suas casas, mas não se preocupa em ver se há condições para isso”, afirmou Dom Menegazzo.

Os campos de Nyala (sul) de el-Fasher (norte), na região de Darfur, encontram-se abrigados, em condições dramáticas, cerca de dois milhões de deslocados. A ONU, os EUA e o próprio Papa já enviaram representantes ao local, mas segundo Dom Menegazzo, “as autoridades locais não apreciam as visitas das diversas delegações internacionais e não se manifestam dispostas a mostrar as verdadeiras condições em que se vive nos campos de refugiados”.

O prelado, que é missionário comboniano, assegura que as Igrejas cristãs estão trabalhando em conjunto, “para assegurar que a ajuda humanitária chegue às pessoas, até porque _ argumenta _ temos mais problemas burocráticos do que as organizações internacionais”.

A recente visita do Arcebispo, Dom Paul Josef Cordes, Enviado Especial de JPII, ajudou a dinamizar esse trabalho. Após ter verificado pessoalmente a situação no Sudão, o Arcebispo qualificou como “impossível de descrever” as condições de vida de milhares e milhares de pessoas.

Desde fevereiro de 2003, a guerra provocou mais de um milhão de refugiados e quase 30 mil mortos. Segundo a ONU, mais de uma centena de pessoas morre por dia na região de Darfur, por causa da fome e da guerra, na pior crise humanitária do mundo de hoje. (MZ)