2004-07-10 18:10:33

Os povos dos Grandes Lagos querem a paz


Kinshasa, 09 jul (RV)- As questões da paz, segurança, democracia e desenvolvimento foram o ponto central da reunião das Conferências Episcopais da região africana dos Grandes Lagos. Os bispos católicos da República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi, que constituem a Associação de Conferências Episcopais da África Central (ACEAC), estiveram reunidos em Kinshasa (capital da RDC) de 5 a 7 de julho.

“Por que continuar a causar tanto mal ao próximo, ao próprio vizinho?” Essa pergunta de Dom Simon Ntamwana, Arcebispo de Gitega, Burundi, pode resumir o sentido da Assembléia da ACEAC. “Devemos encorajar os grupos que combatem e que ameaçam a paz na região a se sentarem à mesa das negociações, para que se acabe com a violência de uma vez por todas”, afirmou Dom Ntamwana, Vice-presidente da ACEAC.

Os bispos dos três países se comprometeram em ajudar o processo de paz na região, oferecendo sua contribuição à conferência para a paz regional, que será realizada em novembro deste ano.

Segundo Dom Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo de Kisangani e Presidente da Conferência Episcopal Congolesa, as guerras que afligem a região não são desejo dos povos: “A guerra foi instrumentalizada por certas pessoas interessadas somente no poder. Não existe uma guerra entre os povos do Congo, Ruanda e Burundi.”

Participou do encontro o Cardeal Renato Raffaele Martino, Presidente do Conselho Pontifício “da Justiça e da Paz”, que pediu aos bispos do Congo, Ruanda e Burundi que se interroguem sobre a missão social da Igreja, hoje, e seu papel nos Grandes Lagos, uma região de África devastada pelos conflitos, violência e dramas humanitários.

“A Igreja tem o direito de se expressar sobre a política e outros temas da vida, porque é mãe, educadora e perita em humanidade”, esclareceu o Cardeal Martino, em seu pronunciamento à ao plenário da Assembléia da ACEAC.

“É importante combater as causas da guerra”, alertou o Cardeal Martino, sublinhando a necessidade de lutar contra a “pobreza e miséria do povo, a idolatria da etnia e todo o tipo de extremismo, conflitos e interesses econômicos, corrupção e má gestão pública, perda da identidade espiritual e dos pontos de referência éticos”.

Face a esse panorama, o Cardeal Martino convidou os bispos africanos a criarem “um observatório social para aprofundar os problemas do continente”, e lembrou a importância da ONU, do Conselho de Segurança, da União Européia e de outras organizações internacionais na resolução desses problemas. (MZ)








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