2004-06-30 16:44:24

JPII preside Santa Missa na presença de Bartolomeu I


Cidade do Vaticano, 29 jun (RV)- Hoje, 29 de junho, é a solenidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, padroeiros da cidade de Roma. Foi um dia intenso no Vaticano, que culminou com a Santa Missa na Praça S. Pedro, com a presença do Patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I.

O Santo Padre introduziu a homilia do Patriarca Bartolomeu I. JPII fez questão de ressaltar que as duas vozes, a sua e a do Patriarca, falam de unidade.

Na sua homilia, Bartolomeu I dirige-se primeiramente ao Santo Padre, para quem se declara feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz por estar presente na celebração dos Santos Pedro e Paulo, mas triste porque falta o restabelecimento da plena comunhão entre as duas Igrejas.

Sobre o histórico encontro 40 anos atrás, entre Paulo VI e o Patriarca Atenágoras, Bartolomeu I afirma que desde então foram realizados progressos. Mas não é possível eliminar em 40 anos as discórdias que se acumularam durante 900 anos.

Mas a esperança é um dom de Deus, afirmou o Patriarca, e ele espera que a unidade seja concretizada em um futuro próximo.

Dirigindo-se aos cristãos, o Patriarca explica que a unidade das Igrejas não é uma simples união corporativa, mas uma união de caráter espiritual. Portando, não faz sentido uma união exterior se permanece a diversidade em relação ao espírito.

Por fim, Bartolomeu I pede a Jesus Cristo que oriente os corações para se alcançar a unidade de modo que, uma vez obtida, possamos festejar juntos cada celebração eclesial em plena comunhão espiritual.

Na sua homilia, o Santo Padre começa com a profissão de fé de Pedro. Neste ato, é afirmado o fundamento seguro do caminho da Igreja rumo à plena comunhão. Disse o Papa: “Se de fato queremos a unidade dos discípulos de Cristo, devemos partir novamente de Cristo”.

A exemplo de Pedro, também nós devemos confessar que Cristo é a pedra angular, o Chefe da Igreja. Citando a Carta encíclica “Ut unum sint”, o Papa afirma que acreditar em Cristo significa desejar a unidade, desejar a unidade significa desejar a Igreja, e desejar a Igreja significa desejar a comunhão de graça, que corresponde ao desígnio do Pai desde toda a eternidade.

O empenho de comunhão não é uma simples relação de boa vizinhança, mas de laços indissolúveis da fé teologal; por isso, não somos destinados à separação, mas à comunhão.

No evolver-se da história, aquilo que infringiu o nosso vínculo de unidade em Cristo nos faz viver com dor. Nesta ótica, o encontro de hoje não é somente um gesto de cortesia, mas uma resposta ao mandamento do Senhor.

É por isso, disse JPII, que o encontro de hoje não pode ser somente uma recordação, mas um desafio, que nos indica o caminho da recíproca descoberta e da reconciliação.

Assim, o Santo Padre faz votos de que todos os cristãos intensifiquem os esforços para que chegue logo o dia em que se realizará plenamente o desejo do Senhor: “Que todos sejam um”. Que a consciência não nos culpe por termos omitido passos, ignorado oportunidades, por não termos tentado todas as estradas.

A unidade é um dom de Deus, recorda o Papa, mas a sua plena realização depende também de nós, da nossa oração, da nossa conversão a Cristo.

Por fim, o Papa disse que nesse caminho de busca da unidade, sempre se deixou guiar pelos ensinamentos do Concílio Vaticano II, com o Decreto sobre o ecumenismo, Unitatis redintegratio. O Papa reitera, portanto, que o empenho assumido pela Igreja Católica com o Concílio Vaticano II é irrevogável, um empenho ao qual não se pode renunciar.

Aos 44 Arcebispos presentes, o Papa disse que o Pálio que hoje recebem é sinal da comunhão que os une ao testemunho apostólico de Pedro e Paulo. Pálio que os une ao Bispo de Roma, chamado a desempenhar um peculiar serviço perante todo o Colégio episcopal.

“Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo.” As palavras da profissão de fé de Pedro retornam na minha quotidiana oração, disse o Papa. Que nenhuma dificuldade nos impeça, mas que possamos avançar com esperança, apoiados pela intercessão dos Apóstolos e com a materna proteção de Maria, Mãe de Cristo, Filho do Deus vivo.

Depois da homilia, o Santo Padre e o Patriarca rezaram juntos a profissão de fé: o Símbolo Niceno de Constantinopla, em grego, segundo o costume litúrgico das Igrejas bizantinas.

Depois da Liturgia da Palavra, teve início a bênção e a imposição dos Pálios. Os arcebispos metropolitanos que receberam o Pálio das mãos do Papa JPII foram 44. Outros 8 arcebispos irão receber o Pálio nas suas sedes.

Do Brasil receberam o Pálio os seguintes arcebispos: Dom Alano Maria Pena, arcebispo de Niterói, RJ; Dom Matias Patrício de Macedo, Arcebispo de Natal, RN; Dom João Braz de Aviz, Arcebispo de Brasília, DF; Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo de Belo Horizonte, MG; Dom Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo de Aparecida, SP; Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo de Vitória, ES; Dom Aldo di Cillo Pagotto, Arcebispo de Paraíba, PB; Dom Moacyr José Vitti, Arcebispo de Curitiba, PR;

Dom Bruno Gamberini, Arcebispo de Campinas, SP; Dom Milton Antônio dos Santos, Arcebispo de Cuibá, MT.

O Pálio, já em uso em Roma no século IV, é uma faixa circular de lã branca com dois apêndices de igual comprimento e largura, que descem sobre o peito e sobre as costas, ornadas com seis cruzes pretas. O Pálio é usado pelo Papa e pelos arcebispos nas celebrações mais solenes e é sinal de particular comunhão com a Sé Apostólica. (BF)








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