2004-06-05 18:26:30

"Familiarizado com a posição inequívoca da Santa Sé", discurso de JPII não surpreende Bush


Cidade do Vaticano, 04 jun (RV)- “O Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush já está bastante familiarizado com a posição inequívoca da Santa Sé”: essas palavras deram o tom do encontro entre JPII e o chefe da Casa Branca, no Vaticano. Foi o segundo colóquio entre ambos, mas o primeiro desde que teve início a guerra no Iraque. Uma guerra que o Papa sempre condenou publicamente.

JPII concedeu ao Presidente norte-americano, um encontro privado de 15 minutos. Segundo o embaixador norte-americano junto à Santa Sé, Jim Nicholson, muitos foram os temas tratados na audiência privada.

O Papa não deixou de abordar temas delicados, como a questão da tortura de prisioneiros iraquianos, a situação de desespero vivida no continente africano e a questão palestino-israelense.

Depois do encontro a portas fechadas, JPII recebeu, na Sala Clementina, toda a comitiva presidencial de Bush, cerca de 40 pessoas, entre as quais a Conselheira para a Segurança dos EUA, Condoleezza Rice, e o Secretário de Estado, Colin Powell.

Em seu discurso, o Santo Padre recordou o motivo da presença de Bush na Itália, que é a celebração dos 60 anos da chegada das tropas aliadas a Roma, e pediu a Deus para que os erros do passado nunca mais se repitam.

JPII lembrou ainda os 20 anos das relações diplomáticas entre a Santa Sé e os Estados Unidos, relações que foram estabelecidas em 1984, durante a administração de Ronald Reagan.

O Pontífice afirmou que a visita de Bush realiza-se num momento de grande preocupação, pela grave situação no Oriente Médio, em especial no Iraque e na Terra Santa.

A esse propósito, JPII declarou que Bush já está bastante familiarizado com a posição inequívoca da Santa Sé: posição expressa numerosas vezes, em documentos, através de contatos diretos e indiretos, e através de esforços diplomáticos que vêm sendo feitos desde a primeira visita de Bush a JPII, em julho de 2001, e novamente em maio de 2002.

O Santo Padre lembrou que é desejo de todos, que a situação no Iraque seja normalizada o mais rapidamente possível, com a ativa participação da comunidade internacional e, em especial, das Nações Unidas.

JPII faz votos de que o Iraque possa reconquistar sua soberania, em condições de segurança para toda a população. Para ele, a formação de um governo interino no Iraque representa um passo avante nessa direção.

O Papa faz votos ainda, de que semelhante esperança de paz ilumine novamente a Terra Santa, e guie as novas negociações de paz: negociações ditadas por um compromisso sincero e determinado, para a instauração de um diálogo entre o governo de Israel e a Autoridade Nacional Palestina.

JPII não deixou de mencionar o terrorismo que, segundo ele, afetou seriamente a relação entre Estados e os povos desde o trágico dia de 11 de setembro de 2001. Nas últimas semanas, recordou, outros eventos deploráveis foram realizados, tornando mais difícil o compromisso de compartilhar os valores humanos. O Papa advertiu que na ausência de tal compromisso humano, nem a guerra nem o terrorismo poderão ser vencidos.

O Santo Padre falou também sobre a África, e sobre o empenho das agências católicas e humanitárias, além do esforço do governo norte-americano, para garantir melhores condições de vida a países africanos mergulhados em conflitos fratricidas, pandemias e pobreza.

JPII manifestou seu apreço pelo esforço do governo dos EUA, para a promoção dos valores morais da sociedade norte-americana, principalmente no que se refere ao respeito à vida e à família.

Está em curso nos Estados Unidos, um forte debate sobre a legalização do aborto e a união civil de homossexuais.

Por fim, o Papa pediu a plena colaboração entre Estados Unidos e Europa, para que desempenhem um papel decisivo da resolução dos problemas mencionados.

Depois do discurso do Papa, houve a tradicional troca de presentes: Bush entregou ao Papa a medalha presidencial da liberdade e agradeceu ao Pontífice, afirmando que JPII é respeitado no mundo e amado nos Estados Unidos.

Dirigindo-se ao Papa, George Bush disse que o Pontífice é um forte símbolo da liberdade, servo de Deus e campeão da causa dos pobres, dos fracos e dos famintos.

Ao receber a medalha, JPII disse esperar que o desejo de paz, liberdade e de um mundo mais humano que a medalha simboliza, possa inspirar homens e mulheres de boa vontade em todos os tempos e em todos os lugares.

Uma curiosidade da visita de hoje: segundo a imprensa italiana, Bush não se separou da maleta que contém os códigos necessários para acionar mísseis nucleares, nem mesmo durante sua permanência no Vaticano. Como sempre acontece, Bush foi acompanhado por oficiais da Marinha dos EUA, aos quais é confiada à maleta. (WM)








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