Cidade do México, 27 mai (RV)- Os Bispos dos Estados Unidos e do México advertiram para o drama dos clandestinos na fronteira entre os dois países, quando tentam entrar nos EUA, pela região do deserto do Arizona.
Os bispos das duas nações pediram maior atenção aos trabalhadores imigrantes, para que não se violem seus direitos humanos fundamentais. Argumentam que o fato de eles estarem ilegalmente no território dos EUA não quer dizer que sejam delinqüentes.
Contra todas as esperanças da Igreja
Católica, tanto no México como nos Estados Unidos, a chamada “temporada da morte”,
que vai de fins de maio até outubro, prevê que 2004 será um dos anos mais letais para
mexicanos e centro-americanos que tentarem cruzar a fronteira de forma ilegal.
Segundo a Secretaria
de governo do México, 61 morreram na fronteira entre Sonora (México) e o estado norte-americano
do Arizona. A Patrulha de Fronteira dos Estados Unidos tem informações de 53 mortos.
Mexicanos e norte-americanos compartilham uma linha de 3.600 km de fronteira, atravessada diariamente, por cerca de um milhão de pessoas.
São
constantes os maus-tratos, a hostilidade e até os tiroteios contra trabalhadores mexicanos,
cujo único “crime” é ir buscar trabalho do outro lado do rio Bravo.
Os prelados mexicanos denunciaram várias vezes a política de intimidação praticada por autoridades e civis dos estados fronteiriços do norte contra homens, mulheres e crianças do México, Guatemala, El Salvador, Honduras e Nicarágua.
A mortalidade dos
últimos seis anos não tem precedentes na história recente. A política de fechamento
das fronteiras de cidades como San Diego, na Califórnia ou El Passo (Texas) obrigaram
os “costas molhadas” (apelativo dado aos que cruzam o rio Bravo a nado) a entrarem
nos Estados Unidos atravessando o deserto do Arizona.
Segundo estimativas dos departamentos da Igreja que atendem
os imigrantes nos Estados Unidos e no México, como é o caso dos Missionários de São
Carlos (carlistas ou scalabrinianos) em Tijuana, as mortes de imigrantes nesta temporada
vão aumentar, tanto pela política de fechamento (que inclui muros, tecnologia militar
e patrulha constante), como pela recente promessa de anistia, anunciada pelo Presidente
Bush. Isso atraiu milhares de pessoas aos Estados Unidos, com a intenção de já estar
no território dos EUA, quando for aplicada a prometida anistia.
Fontes norte-americanas calculam entre
8 e 12 milhões, o número dos imigrantes ilegais nos EUA. 90% deles são de religião
católica. (CM)
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