2004-05-26 18:09:32

Igreja no México continua a exigir elucidação do assassinato do Cardeal Posadas Ocampo, em 1993


Cidade do México, 25 mai (RV)– Passaram-se onze anos do assassinato do Cardeal Juan Jesús Posadas Ocampo, então Arcebispo de Guadalajara, no aeroporto internacional da cidade. Depois de todo esse tempo, a hierarquia episcopal do país ainda não está satisfeita com o resultado das investigações.


Falando em nome de todos os bispos do país, o Cardeal-arcebispo de Cidade do México, Norberto Rivera Carrera, disse, em entrevista aos meios de comunicação, ao término de sua homilia dominical, ter esperança de que se esclareça o assassinato, no qual perderam a vida o Cardeal Posadas e outras seis pessoas.


Na opinião do Cardeal Rivera Carrera, ainda há esperança de que se chegue à verdade.

Retornando de Roma, onde participou da celebração do aniversário do Papa, o Cardeal Rivera Carrera sublinhou que “é importante, não somente para a Igreja, mas também para a história do México, que se chegue a conhecer a verdade”.


Atualmente, há uma comissão especial que até o mês de dezembro de 2004 deverá citar novamente testemunhas, reabrir o processo e investigar todas as anomalias que circundam o crime, qualificado por alguns membros do Episcopado como “crime de Estado”.


O Primaz do México pediu ao povo católico que “espere pelas novas investigações” da comissão especial, para saber se o país se aproxima da verdade, ou se ela continua distante do conhecimento público como há onze anos.

O Cardeal foi assassinado em circunstâncias ainda não esclarecidas, em 24 de maio de 1993, no aeroporto internacional de Guadalajara, quando aguardava a chegada do Núncio Apostólico no país.

O “móvel” do crime teria sido “silenciar” o Cardeal Posadas Ocampo, então Arcebispo de Guadalajara, e recuperar certos documentos que incriminavam um grupo de destacados políticos e altos funcionários do governo. Os documentos demonstrariam as relações desse grupo com diversos cartéis do narcotráfico, e que teriam sido entregues por uma mulher ao Cardeal Ocampo, o qual por sua vez, deveria fazê-los chegar às mãos do então Núncio Apostólico no México, Dom Girolamo Prigione.

Segundo declarações de um ex-militar, testemunha ocular dos fatos, as ordens eram: tentar falar com o Cardeal Ocampo para persuadi-lo a devolver a documentação, tentativa que faliu; roubar os documentos da sede do Arcebispado, tentativa que também foi condenada ao fracasso; e, por último, reaver à força tais documentos, ainda que, para tanto, fosse necessário chegar às últimas conseqüências, isto é, matar o Cardeal Ocampo, tentativa coroada de êxito.

A morte do Cardeal Posadas Ocampo, segundo a tese então defendida pela Procuradoria-geral da República, teria sido fruto de uma fatalidade. Ele teria sido atingido por puro acaso, durante um tiroteio entre quadrilhas de traficantes rivais.

A Igreja, todavia, sempre defendeu a teoria de que o Cardeal Posadas Ocampo teria sido vítima de um crime de Estado. (CM/AF)







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