CVII: A importância das duas espécies eucarísticas - parte II


Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica trazida pelo evento conciliar.

No programa passado deste nosso espaço, trouxemos a primeira parte da reflexão sobre a importância das duas espécies eucarísticas, onde foi sublinhado que o Missal Romano, no número 240 da Introdução, afirma que “A comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies”, observando porém no número 241, que “mesmo recebendo somente numa espécie, recebemos integralmente o Corpo e o Sangue de Cristo”.

Padre Gerson Schmidt, incardinado na Arquidiocese de Porto Alegre, dá continuidade esta quarta-feira á reflexão sobre o mesmo tema. Vamos ouvir:

"Na oportunidade anterior, falamos da importância da utilização dos sinais das duas espécies eucarísticas – o Pão e o Vinho, transformados em Corpo e Sangue do Senhor, como uma das orientações da Sacrosanctum Concilium. Apontamos 10 itens da Reforma na Liturgia. Continuamos a aprofundar esse terceiro ponto – as duas espécies eucarísticas.

Comentamos que na introdução do Missal Romano, reformulado a partir do Concilio Vaticano II, apresenta diversos pontos, e o número 240, da introdução, fala com título em vermelho: comunhão sob as duas espécies. Diz assim o texto que “a comunhão realiza mais plenamente o seu aspecto de sinal quando sob as duas espécies. Sob essa firma se manifesta mais perfeitamente o sinal do banquete eucarístico e se exprime de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor, assim como a relação entre o banquete eucarístico e o banquete escatológico no reino do Pai”.

Portanto, as novas orientações feitas a partir da constituição dogmática Sacrosanctum Concilium, incentivam a utilização das duas espécies eucarísticas. Há um outro aspecto que gostaríamos de frisar, a respeito da hóstia, como é hoje normalmente confeccionada. O número 283, da introdução do Missal Romano, diz assim: “A verdade do sinal exige que a matéria da Celebração eucarística pareça realmente um alimento. Convém, portanto, que, embora ázimo e com forma tradicional, seja o pão eucarístico de tal modo preparado que o sacerdote, na missa com o povo, possa de fato partir a hóstia em diversas partes e distribuí-la ao menos a alguns fiéis”.

Portanto, a matéria a ser consagrada pareça realmente um alimento. A questão é que nem sempre a hóstia parece um pão, e aí se perde o sacramento como um sinal sensível, palpável e que se exprima “de modo mais claro a vontade divina de realizar a nova e eterna Aliança no Sangue do Senhor” (Introdução Missal Romano, 240). 

Por razões pastorais, diz o Missal, se fazem as hóstias pequenas e que, na prática, permitem uma distribuição mais ágil e para assembleias mais numerosas. Porém, sabemos que nada impede que, em assembleias pequenas se possa consagrar o vinho e distribui-lo a todos e consagrar a matéria do Pão em forma de pão ázimo, como foi a primeira eucaristia realizada na última ceia.

Já existe uma prática comum em muitas de nossas comunidades de distribuir também o Sangue do Senhor, por intinção, ou seja, quando se mergulha a hóstia consagrada no cálice, embebendo-a com o Sangue – e distribuindo aos fiéis. Porém, se questiona muito essa forma, pois Cristo disse: “Tomai e bebei”. Supõe-se que seja beber do cálice. Não disse: “tomai e molhai em meu sangue”. Em todo o caso, essa iniciativa já é uma busca de permitir aos fiéis que tomem também o Sangue de alguma forma. Mas ainda não expressa de forma mais clara e real a ceia, da forma que Cristo fez".

 

 








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