Card. Parolin: católicos em Mianmar e Bangladesh, minoria, mas sementes de paz


Cidade do Vaticano (RV) – Na noite de domingo o Papa Francisco dará início a mais uma Viagem Apostólica – a terceira à Ásia -  devendo chegarem Yangun, em Mianmar, na segunda-feira, 27.

Será o primeiro Pontífice a visitar a ex-Birmânia, país de maioria budista. Três dias mais tarde, na quinta-feira, 30, se transfere para o vizinho Bangladesh, de maioria muçulmana e onde os católicos são uma minoria. Porém, são fundamentais para uma verdadeira reconciliação nacional.

O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, acompanhará o Santo Padre na viagem. Eis o que declarou à Rádio Vaticano:

“Sim, é verdade. Nestes dois países a comunidade católica constitui uma minoria dentro da maioria respectivamente muçulmana em Bangladesh e budista em Mianmar. É lógico que a primeira atenção, o primeiro interesse do Santo Padre nesta sua viagem, será dirigida justamente à comunidade cristã, para expressar proximidade, para expressar apoio e, ao mesmo tempo, acredito que o Papa encorajará estas comunidades, além naturalmente, de confirmá-las na fé, para serem uma presença de paz, de reconciliação e de solidariedade nas próprias sociedades. Portanto, em trabalhar sobretudo para o bem comum, em não serem considerados estranhos à realidade de seu país, mas finalmente integrados e capazes de dar uma contribuição ao crescimento civil e pacífico destes países”.

RV: Na Ásia, infelizmente voltaram a soprar ventos de guerra, com as tensões entre Coreia do Norte e Estados Unidos. Podemos esperar do Papa Francisco um novo convite para se buscar sempre o caminho do diálogo?

“Acredito que sim. O Santo Padre várias vezes já convidou a buscar o caminho do diálogo para resolver as controvérsias existentes. Acredito que o fato de encontrar-se na Ásia, muito próximo desta área de crise que atualmente inquieta e preocupa todo o mundo, será uma ocasião para renovar este apelo. O Santo Padre está sempre disposto em oferecer toda a sua ajuda e o da Santa Sé, para tentar enfrentar e resolver estes problemas por meio do diálogo, a negociação e o encontro. Acredito que mais uma vez, nesta circunstância, renovará este apelo, sabendo que fora destes meios, não existe a possibilidade de resolver de maneira pacífica estas situações tão preocupantes, sabendo justamente, como os Papas já repetiram tantas vezes, que nada é perdido com a paz e tudo pode o ser com a guerra, sobretudo quando se trata, como neste caso, de uma guerra atômica”.

RV: Nos dois países existem refugiados, que vivem em condições desumanas. O Papa pedirá aos governos e à comunidade internacional para resolverem este drama humanitário?

“Sim, certamente. É bem sabido que o Papa já manifestou mais vezes a sua atenção em relação à situação destes refugiados. Bastaria pensar no apelo pronunciado após o Regina Coeli de 24 de maio de 2015. Naturalmente, o apelo do Papa vai sempre nesta direção, antes de tudo, de insistir na acolhida dos refugiados, e portanto, de exprimir também o apreço e agradecimento pelos países que assumem estas pessoas que fogem de seus países, que têm necessidade de ajuda, de assistência pela situação de grande vulnerabilidade e sofrimento em que se encontram. Depois, o seu apelo vai no sentido de convidar a comunidade internacional a oferecer toda a assistência humanitária possível diante deste drama. Acredito, depois, no final, que o seu apelo é um convite a uma solução duradoura destes problemas, sobretudo naquilo que diz respeito ao Estado de Rakhine, em Mianmar, e os refugiados que vivem esta situação. Uma solução duradoura que seja buscada por parte de todos os atores, de todos os protagonistas em espírito humanitário, levando em consideração também a importância para as pessoas, para a população, de ter uma nacionalidade e sabendo que somente esta solução duradoura pode oferecer estabilidade, paz e desenvolvimento àquela região e a todas as áreas de conflito”.

RV: Em Bangladesh os pobres são mais de um terço da população. Sofrem também pelas cheias provocadas pelas mudanças climáticas. É aquilo que o Papa Francisco denuncia na Laudato Si...

“Acredito que na Laudato Si o Papa coloca justamente o foco na relação entre as mudanças climáticas e a pobreza, no sentido de que são os pobres que mais sofrem os efeitos das mudanças climáticas. Isto acontece também em Bangladesh, onde esta relação entre a pobreza, as mudanças climáticas e a degradação ambiental, mesmo se neste último caso acredito que valha a pena insistir, ou ao menos recordar, que foram dados passos notáveis, bons passos em frente, quer no que diz respeito ao cuidado com o ambiente, como foi reconhecido pelo próprio programa das Nações Unidas para o ambiente, quer na luta contra a pobreza. Vários milhões de pessoas saíram da situação de pobreza extrema. Isto encoraja o país a seguir em frente nesta direção, sem esquecer que é preciso também a ajuda da comunidade internacional, a qual não pode desinteressar-se destas situações, mas deve estar ali para apoiar os esforços, de tal forma que se saia desta situação de pobreza e ao mesmo tempo de assumir o cuidado com o ambiente”.

RV: Mianmar é um país com 90% de budistas e o Bangladesh é de maioria muçulmana. O que o Papa irá propor nos encontros com os líderes religiosos locais?

“Irá propor o que sempre propôs nos países onde estão presentes várias religiões, diversos grupos religiosos, isto é, o diálogo inter-religioso como forma de encontro entre estas religiões e a colaboração pelo bem comum da sociedade. A ideia, justamente, é de que as religiões possam dar uma contribuição notável à paz, ao desenvolvimento, à reconciliação, à convivência pacífica entre os povos, e isto se pode realizar nos países, caso se unirem para trabalhar juntos neste sentido”.








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