Vazios existenciais, angústia e suicídio: tripé silencioso ameaça a juventude


Caxias do Sul (RV) – O problema é de saúde pública mundial, mas o Rio Grande do Sul lidera registros no país: três gaúchos morrem por dia vítimas do suicídio, isto é, 10,4 casos a cada 100 mil habitantes, o dobro da média nacional. Segundo dados divulgados pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), 32 brasileiros morrem por dia por causa desse mal silencioso e de uma onde de preconceito em relação à doença que o Setor Juventude da diocese de Caxias do Sul decidiu enfrentar: tomando distância do medo ao desconhecido, usou da informação como instrumento de prevenção. Afinal, a Organização Mundial da Saúde aponta que 9 em cada 10 casos podem ser prevenidos.

Cuidado com a vida

Um grupo com representantes de dez cidades da região se reuniu no final de setembro na Comunidade de Santa Lúcia para um dos cursos de formação que vem facilitando o processo de evangelização e “sonhando com a juventude diocesana”, comentou Kely Garcia Melo, de 31 anos, assessora jovem do Setor Juventude da diocese de Caxias do Sul. Ela explicou que uma das dinâmicas do encontro foi sobre o cuidado com a vida, principalmente na linha dos vazios existenciais por causa do aumento do suicídio juvenil.

Kely Garcia Melo - “A gente já abordou essa temática algumas outras vezes em relação ao cuidado com a vida comum, mais focado na missão, nas ajudas de assistência social, só que desta vez a gente trouxe a questão dos vazios existenciais e do próprio suicídio porque a gente sabe que os dados sobre o suicídio juvenil aumentaram e aí a gente quis trazer esse momento de reflexão e sensibilização, porque os coordenadores e as lideranças dos grupos vivem e trabalham com muitos jovens. E, às vezes, isso também acontece nesse meio, no mundo onde a gente vive. Então, foi como um alerta pra todos nós.”

Segundo o jornal Zero Hora, o crescimento dos casos de suicídio entre crianças e adolescentes tem chamado a atenção dos especialistas: entre 2002 e 2012, as faixas de idade em que o suicídio mais aumentou no Brasil foram dos 10 aos 14 anos (40%) e dos 15 aos 19 anos (33,5%). A psiquiatra da infância e da adolescência, Berenice Rheinheimer, constatou ainda um aumento considerável nas tentativas de suicídio por envenenamento no Rio Grande do Sul entre os 8 e 17 anos. Em 2005, foram 492 casos, contra 626 em 2013.

Orientação e sensibilização

No encontro de Caxias, os jovens receberam orientação de uma psicóloga para, por exemplo, identificar os sinais que ameaçam essas vidas e para se ter uma abordagem adequada ao se deparar com o problema. A sensibilização também aconteceu para que “se possa ter um olhar atento de cuidado pra não perder esse jovem para as angústias, a depressão e o suicídio”, acrescentou Kely.

O Setor Juventude de Caxias do Sul tem 140 grupos envolvidos e atua há 10 anos, incentivado, principalmente, pelo Documento 85 de Evangelização da Juventude de 2007 e pela JMJ do Rio de Janeiro de 2013. Um movimento que cresce de forma natural também em diferentes partes do Brasil para evangelizar outros jovens e seguir dando a mesma resposta de missão motivada pelo Papa Francisco.

Kely Garcia Melo - “O discurso e a proximidade dele ajudam muito na evangelização. Hoje, a própria comunicação facilita com que a fala do Papa chegue a todos os lugares de forma muito mais rápida e o próprio jeito como ele se comunica – de forma muito clara e direta e isso ajuda no processo. E com certeza todo o nosso trabalho é alinhado com o incentivo que o próprio Papa nos dá. Então, é uma grande força de Igreja que acaba sendo muito maior pela própria força que o Papa tem de se comunicar quanto de nos incentivar nessa missão.”

Ouça a reportagem especial de Andressa Collet aqui: 








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