D. Leonardo: "Igreja é ancoradouro e esperança dos indígenas"


Cidade do Vaticano (RV) - A Presidência da CNBB foi recebida quinta-feira (19/10) pelo Papa Francisco no Vaticano. O Card. Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador, e Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília, estiveram na sede da RV após a audiência.

Um pastoral de pau-brasil para Francisco

A conjuntura social, econômica e política brasileira esteve na pauta do encontro, que teve momentos de descontração, como quando o Papa foi presenteado pela delegação com um pastoral (báculo) de pau-brasil, um símbolo da flora nativa de nosso país.

A Amazônia e o futuro Sínodo, a se realizar para outubro de 2019, foram abordados na reunião. A Presidência da CNBB entregou a Francisco o relatório elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) sobre a violência contra povos indígenas no Brasil: um documento que aponta uma piora em indicadores como o aumento da mortalidade infantil, agressões armadas e suicídios.

Em entrevista concedida à nossa redação, Dom Leonardo Steiner ressalta o interesse do Papa pela condição dos povos indígenas na Amazônia e a atuação da Igreja Católica junto a eles.

Ouça a integra aqui:

O Santo Padre sabe das dificuldades. Temos entregue a ele relatórios dos próprios indígenas. Quando ele menciona, no chamado ao Sínodo, especificamente os povos indígenas, significa que ele sabe das questões, dificuldades e da violência, mas sabe especialmente do compromisso que a Igreja tem em relação a estes povos. Ele sabe que nós temos que fazer mais. É extraordinário o trabalho que nossas Igrejas particulares têm feito em relação aos povos indígenas”.

“A violência contra eles é crescente, é muito grande. Não é tão simples equacionar a demarcação das terras... o poder econômico é muito grande e a ganância em relação aos povos indígenas é muito grande. As terras indígenas têm água, elas têm mata, têm minérios, têm ouro. Isto tudo aguça a ganância humana”.

“É preciso também recordar que os governos não têm feito muito pelos povos indígenas. Não só o atual, mas também já os anteriores . Nós, como CNBB reclamávamos com o governo anterior de que havia necessidade de dar um passo a mais”.

“Pareceu que o Santo Padre está muito disposto a ouvir os próprios povos indígenas. Como se fará isso, ainda não sabemos, mas é importante ouvi-los”.

É preciso também dizer, e eu o digo com muita alegria, que se os povos indígenas não tivessem a Igreja Católica e a CNBB, estariam numa situação muito mais difícil. Eles precisam desta nossa ajuda, nós ainda somos para eles um ancoradouro seguro e um sinal de esperança. É bonito ver como os povos indígenas vão reconquistando sua cultura, vão retomando sua língua, seus costumes... e como eles sentem o apoio tão grande da Igreja Católica”. 

Esta é a chamada para a nossa entrevista com toda a Presidência.

 

 

 

(cm)








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