Cardeal Tauran: por um Dia Asiático de Oração pela Paz


Cidade do Vaticano (RV) -  "Promover com determinação uma cultura do encontro e da amizade" - que poderia concretizar-se também na organização de "um Dia Asiático de Oração pela Paz, no moldes da experiência de Assis".

Esta é a exortação do Cardeal Jean Louis Tauran aos participantes do encontro das Comissões dos Assuntos Ecumênicos e Inter-religioso (OEIA), da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas (FABC), em andamento em Bangcoc, de 16 a 20 de outubro.

A mensagem do Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso foi lida na manhã de terça-feira (17/10), pelo subsecretário do dicastério, Monsenhor Indunil Kodithuwakku.

Características da missão evangelizadora da Igreja na Ásia

Após ter manifestado apreço pelos esforços realizados no diálogo em favor da harmonia, no espírito da Exortação Apostólica pós-Sinodal Ecclesia in Asia, o purpurado reiterou a necessidade de promover quer relações ecumênicas, quer o diálogo entre as religiões, "assumindo o fato de que o construir a unidade, o promover o diálogo entre as religiões e culturas, o erradicar preconceitos e o suscitar confiança entre os povos, é essencial à missão evangelizadora da Igreja no continente" (n.24).

Influência da religião nos valores dos asiáticos

A mensagem ressalta a seguir como as instituições espirituais e a sabedoria moral da Ásia, modelaram a vida dos asiáticos ao longo dos milênios, a ponto de que "até mesmo hoje continuam a dar sentido e direção às suas vidas".

Por consequência, são caros às pessoas da Ásia os valores "do respeito pela vida, da compaixão por cada ser vivo, da proximidade à natureza, do filial respeito pelos pais, pelos idosos e pelos antepassados, e um senso de comunidade altamente desenvolvido", como afirma a Exortação no n. 6.

E isso, mesmo que "paradoxalmente hoje, em muitas partes" do continente – foi a ressalva do Cardeal - "o respeito e a aceitação recíproca estejam em declínio", devido à "lutas culturais, políticas e de identidade que estão diretamente ou indiretamente associadas à religião".

De fato, é necessário cotidianamente deparar-se "com as notícias dos enormes sofrimentos que os nossos irmãos e irmãs sofrem devido aos violentos conflitos, terrorismo, calamidades naturais, discriminações e perseguições".

Populações não têm necessidade de mais conflitos e divisões

A este propósito, o Presidente do Dicastério vaticanos cita o poeta indiano Tagore - "não se pode atravessar o mar estando parados com o olhar fixo na água - para sublinhar com ênfase que "as vítimas dos conflitos civis, da violência e das catástrofes ecológicas esperam respostas e ressarcimentos, assim como a cura e a paz", ao mesmo tempo que "não têm necessidade, nem querem, ulteriores conflitos e divisões".

Preocupações da Igreja e diálogo com culturas asiáticas

Que o trabalhos na capital tailandesa - são seus votos - possam ser um sinal da preocupação da Igreja "pela reconciliação, a paz e a justiça neste mundo dividido".

E como não é possível "realizar sozinhos esta missão difícil e urgente", eis então que é necessário "seguir por um percurso de diálogo com as culturas asiáticas, com as religiões e com os pobres e as vítimas".

É o próprio Papa Francisco que pede isto - conclui o Cardeal Tauran - quando diz que "vivemos em uma cultura do conflito, da fragmentação, em que aquilo que não serve é jogado fora, a cultura do descarte".

Assim como quando convida - como o fez em 18 de maio de 2013 durante a Vigília de Pentecostes com os Movimentos Eclesiais - "a criar com a nossa fé uma "cultura do encontro", da amizade, uma cultura onde encontramos irmãos, onde podemos falar também com aqueles que não a pensam como nós, também com aqueles que têm outra fé, que não têm a mesma fé" que a nossa.

(JE - L'Osservatore Romano)








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