Bispos venezuelanos: "Eleições são um direito e uma esperança"


Cidade do Vaticano (RV) - Em meio a uma grave crise econômica e à frustração após meses de protestos, mais de 18 milhões de eleitores irão às urnas domingo, 15 de outubro, na Venezuela, em eleições regionais.

Apenas os eleitores do Distrito Capital, que possui um regime especial de governo, e os residentes no exterior, ficarão isentos do voto. Devem ser eleitos os governadores dos 23 estados do país.  

Violência

Protestos populares exigindo a saída do presidente Nicolás Maduro deixaram de abril a julho mais de 120 mortos e perderam força com a instalação, em agosto, da Assembleia Nacional Constituinte, convocada por Maduro e integrada exclusivamente por governistas.

Maduro prometeu que a Constituinte, considerada uma fraude pela oposição e não reconhecida pelos Estados Unidos e por vários governos latinos e europeus, seria a "solução definitiva" para os problemas econômicos do país.

Analistas apontam, no entanto, que a situação piorou, e que a Venezuela pode experimentar este ano uma queda do PIB de entre 12% e 14% e uma inflação de 1.200% a 1.400%, segundo a empresa Ecoanalítica.

Sexta, 13 de outubro, Dia de oração

“Diante desta situação, estas eleições são uma ‘luz para quem acredita e defende a democracia como sistema de governo, além de um caminho autêntico para o desenvolvimento integral de que tanto precisa nosso povo”, afirma a Conferência Episcopal da Venezuela em mensagem especial para as eleições.

Para os bispos venezuelanos , “a convocação destas eleições constitui um direito e uma esperança”. Pedem que não seja imposto “um modelo que ameace a dignidade da pessoa humana e censure os direitos de cidadania, a estabilidade política e a paz social”.  

E apelam a todos os cidadãos a irem às urnas maciçamente para “expressar livre e incondicionalmente a própria vontade e vocação democrática”.

“No dia 15 de outubro – destacam – temos um dever em relação à nossa pátria, de nossas regiões e das futuras gerações: não nos deixemos levar pelo desanimo e pela desconfiança. Não votar significa condenar nós mesmos e nossas futuras gerações a viver na carência de alimentos, medicamentos, segurança pessoal e jurídica”.

Concluindo, os bispos exortam os párocos a organizarem nesta sexta-feira, 13 de outubro, em todas as comunidades, um “Dia de oração pela Venezuela e pelo sucesso das próximas eleições”.

Iniciativas no passado

Já em 21 de julho passado, a Conferência Episcopal Venezuelana promoveu um Dia de Oração e Jejum, “a fim de pedir a Deus que abençoe os esforços do povo venezuelano para a liberdade, a justiça e a paz, para que iluminados pelo Espírito Santo e sob a proteção materna de Maria de Coromoto, continue a construir a paz e a convivência fraterna na país”.

Iniciativas semelhantes já haviam se realizado em 2 de agosto de 2016 e em 21 de maio de 2017. Além disso, em nível diocesano e paroquial, fiéis manifestam a sua fé através de procissões com o Santíssimo Sacramento, vigílias, terços iluminados e outras celebrações para pedir a ajuda de Deus no momento crucial

Os apelos do Papa

Em setembro, o Papa Francisco teve ocasião de expressar várias vezes sua preocupação. Dia 6, em uma declaração aos 72 jornalistas que o acompanham em sua viagem à Colômbia, pediu suas preces:

“Gostaria de dizer que neste voo sobrevoaremos a Venezuela e pedir a todos uma oração que haja uma boa estabilidade, com diálogo entre todos”

No dia seguinte, após a celebração Eucarística no Parque Simon, os bispos da Venezuela o encontraram e o colocaram a par do agravamento da crise no país e da ‘radicalização’ das medidas do governo de Nicolas Maduro.

Em nota, a Conferência Episcopal Venezuelana informou que o Papa lhes pediu para “continuar a acompanhar o povo na defesa dos direitos” e se disse “preocupado com a séria crise humanitária que se traduz em fome, escassez de medicamentos e imigração de numerosos venezuelanos”.

Os bispos também falaram com o Papa sobre a “imposição da Assembleia Nacional Constituinte e da perseguição a políticos, ameaças a sacerdotes e religiosas e o fechamento de alguns órgãos de comunicação”.

Ainda na Colômbia, domingo, 10 de setembro, depois da oração do Angelus em Cartagena, o Pontífice ofereceu as suas orações pela Venezuela e pediu “que se rechace todo tipo de violência na vida política e se encontre uma solução para a grave crise que se está vivendo e afeta todos, especialmente os mais pobres e desfavorecidos da sociedade”.

Audiência no Vaticano

No dia 29 de setembro, o Arcebispo de Caracas, Card. Jorge Urosa Savino, foi recebido pelo Papa e o tema do encontro foi o contexto político, econômico e social que a Venezuela está vivendo.

“O Papa está certamente muito preocupado e interessado; demonstra afeto pelo povo venezuelano, principalmente pelos que estão sofrendo, pelos mais pobres, que são os mais afetados”, declarou o Cardeal.

Lembre as palavras do Papa em Cartagena de solidariedade à Venezuela no vídeo:

 

(cm)

  








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