Emergência humanitária em Bangladesh: mais de 500 mil rohingya fogem de Mianmar


Daca (RV) – Desde 25 de agosto mais de 500 mil Rohingya atravessaram a fronteira com Bangladesh em direção à Cox’s Bazar, “uma tragédia humana com uma dimensão, uma complexidade e uma rapidez chocantes”, diz o Diretor Geral do UNICEF, Anthony Lake.

“As pessoas chegam amedrontadas, exaustas e famintas e com uma necessidade desesperada de ajuda imediata: de um abrigo, comida, água e serviços higiênicos. Eles trazem consigo histórias terríveis daquilo que viveram e sofreram, histórias de crianças assassinadas, mulheres maltratadas e povoados destruídos”, relatou Anthony Lake após retornar de Bangladesh.

O território total ocupado atualmente pelos refugiados é de 9,6 milhões de metros quadrados, equivalente a 889 campos de futebol.

Cerca de 60% das novas chegadas são de crianças, sendo  30% delas com menos de cinco anos. 7% são crianças com menos de 1 ano. 3% dos refugiados chegados recentemente são mulheres grávidas e 7% em fase de amamentação.

Um em cada cinco “chefes” de uma família refugiada é uma mulher, e em 5% dos casos uma criança.

90% dos migrantes chegados recentemente declaram fazer somente uma refeição ao dia. As taxas de segurança alimentar e má-nutrição já eram preocupantes ainda antes do fluxo  de migrantes.

No campo de refugiados de Balukhali, as taxas já eram superiores ao nível de emergência. Estima-se que uma criança a cada cinco sofra de má-nutrição aguda.

Foram identificadas e foi fornecido apoio a mais de 1.600 crianças desacompanhadas e separadas.

Este quadro fez o Diretor Geral do UNICEF, Anthony Lake e o Coordenador para as Ajudas de Emergência e Sub-Secretário das Nações Unidas para as Questões Humanitárias, Mark Lowcock, deixarem Bangladesh “tocados pelas histórias de sofrimento” que ouviram dos refugiados que fogem das violências em Myanmar e “ainda mais determinados a não medir esforços para que as Nações Unidas façam todo o possível para ajudar o governo de Bangladesh a enfrentar esta crise”.

O governo e a população de Bangladesh tem demonstrado um espírito de generosidade, abrindo as fronteiras do país e implementando ações voltadas a fornecer ajuda aos refugiados.

Para os responsáveis pelos organismos da ONU,  os bengaleses “deram ao mundo um exemplo de humanidade”, mas as necessidades estão crescendo em um ritmo mais veloz em relação às nossas capacidades.

Como os refugiados Rohingya vivem em barracas de bambu e plástico e sem nenhuma condição higiênica, aumenta sempre mais o risco de epidemias.

Estradas em condições precárias limitando o acesso à população de refugiados espalhada pelo território, as milhares de pessoas ainda em movimento e a falta de terras para montar abrigos e infraestruturas, são ulteriores impedimentos para a chegada das ajudas.

As Nações Unidas estimam ser necessários ao menos 430 milhões de dólares para ampliar as operações de apoio aos refugiados e às comunidades que os acolhem.

Anthony Lake lamenta que “esta terrível situação não acabou, pois as pessoas ainda estão atravessando a fronteira entre Myanmar e Bangladesh, fugindo para salvar a própria vida e necessitando de um apoio imediato”.

“Pedimos mais uma vez às autoridades de Myanmar – foi seu apelo – que permitam a plena retomada das ações humanitárias em todo o Estado de Rakhine e continuaremos a apoiar a criação de condições que permitam às pessoas retornarem para casa de modo seguro e voluntário”. (JE)








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