2017-10-04 15:37:00

Papa: os verdadeiros cristãos trazem o céu no coração


Cidade do Vaticano (RV) - O cristão é um missionário de esperança, não um profeta de desgraças,  que age como se tudo tivesse terminado no calvário ou na sepultura. O essencial do seu anúncio - com os fatos e o testemunho de vida - é Jesus, que depois de morto, ressuscitou na manhã de Páscoa. E "quem teve a graça de abraçar a ressurreição de Jesus, pode ainda esperar no inesperado". Este é o fulcro da mensagem catequética do Papa Francisco, na Audiência Geral desta quarta-feira, dia 4 de Outubro de 2017, na Praça de S. Pedro repleta de fiéis e peregrinos provenientes de diversas partes da Itália e do mundo.

Partindo sempre do tema da esperança que constitui o tema da catequese deste ano, o Papa concentrou a sua reflexão catequética hodierna sobre os “missionários da esperança hoje” em dia, ressaltando o carácter missionário da Igreja neste dia da Festa de São Francisco de Assis,  “um grande missionário de esperança”, disse.

O Santo Padre recordou que os discípulos estavam abatidos depois da crucifixão e sepultura de Jesus. Aquela pedra, enrolada  na entrada do sepulcro, pôs fim a três anos de vida esperançosa e entusiasmante na companhia do Mestre vindo de Nazaré. Parecia o fim de tudo, e alguns já começavam a deixar Jerusalém para regressar para as suas casas.

“Mas Jesus, recordou o Pontífice, ressuscita!”. Este fato inesperado transformou a mente e o coração dos discípulos; uma transformação que ficou completa quando receberam a força do Espírito Santo no dia de Pentecostes. A partir daquele momento, sublinhou Francisco, “não terão somente uma bela notícia para levar a todos,  mas estarão eles mesmos diferentes de antes, como que renascidos para uma vida nova”:

“Como é bonito pensar que se é anunciadores da ressurreição de Jesus, não somente com palavras, mas com os fatos e com o testemunho de vida! Jesus não quer discípulos capazes somente de repetir fórmulas aprendidas de memória. Quer testemunhos: pessoas que propagam esperança com o seu modo de acolher, de sorrir, de amar. Sobretudo de amar: porque a força da ressurreição torna os cristãos capazes de amar mesmo quando o amor parece ter perdido as suas razões” de ser.

Existe por conseguinte, sublinha o Papa, um “a mais” que habita a existência cristã, inexplicável pela simples força de vontade ou por um cego optimismo. “A fé, a nossa esperança, recordou, não é somente um optimismo. É outra coisa, é algo a mais! É como se os fiéis fossem pessoas com um “pedaço de céu a mais” sobre as suas cabeças. É bonito isto, sublinhou Francisco recordando que  nós somos pessoas com um pedaço de céu sobre a cabeça, acompanhados de uma presença”, que o mundo sequer consegue intuir:

“Assim a tarefa dos cristãos neste mundo é a de abrir espaços de salvação, como células de regeneração capazes de restituir a seiva vital àquilo que parecia perdido para sempre. Quando o céu se apresenta todo nublado, é uma bênção à pessoa que sabe falar do sol. Por isso, o verdadeiro cristão não é assim, lamuriento nem mal-humorado, mas convencido, pela força da ressurreição, de que nenhum mal é infinito, nenhuma noite é sem fim, nenhum homem é definitivamente errado, nenhum ódio é invencível diante do amor”.

Francisco falou então do alto preço que os discípulos terão que pagar “por esta esperança dada a eles por Jesus”:

“Pensemos, acrescentou o Pontífice, aos tantos cristãos que não abandonaram o seu povo, quando chegou o tempo da perseguição. Ficaram ali, onde havia incerteza sobre o amanhã, onde não se podia fazer projectos de nenhum tipo; ficaram esperando simplesmente em Deus. E pensemos em nossos irmãos, em nossas irmãs do Médio Oriente que dão testemunho de esperança e também oferecem a vida por este testemunho. Estes, sublinhou Francisco, são os verdadeiros cristãos! Eles trazem o céu no coração, olham para além. Quem teve a graça de abraçar a ressurreição de Jesus, pode ainda esperar no inesperado”.

Os mártires de todos os tempos, com a sua fidelidade a Cristo – observa o Papa – confirmam que “a injustiça não é a última palavra na vida. Em Cristo ressuscitado, podemos continuar sempre a esperar”:

“Os homens e as mulheres que têm um “porque” viver, acrescentou, resistem mais do que os outros nos tempos de infortúnio. Mas quem tem Cristo ao seu lado, realmente não teme nada. É por isso que os cristãos, os verdadeiros cristãos, nunca são homens fáceis e acomodados. A sua brandura não deve ser confundida com um sentimento de insegurança e de submissão (…). Caídos, se reerguem sempre”.

Este é o motivo, concluiu dizendo o Papa, a razão porque o cristão é um missionário de esperança. “Não por mérito seu, mas graças a Jesus, o grão de trigo que, caído em terra, morreu e deu muito fruto”.

 








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