Cristãos divididos em relação à independência do Curdistão iraquiano


Bagdá (RV) – A Igreja Caldeia “não é responsável” pelas posições expressas por partidos, organizações e facções armadas - guiadas por expoentes das locais comunidade cristãs - sobre a atual situação do Iraque e seus problemas. Nesta fase delicada – lê-se em um texto divulgado pela mídia oficial do Patriarcado – “cada um é responsável pessoalmente pelas próprias declarações e pelas próprias ações, e as tomadas de posições particulares e de militantes pertencentes às comunidades cristãs, não vinculam de forma alguma os outros batizados de qualquer parte do país, de Bassora à Zakho”.

A manifestação do Patriarcado ocorre em um momento crítico: na segunda-feira, 25, as autoridades da Região autônoma do Curdistão iraquiano fizeram abrir as urnas do referendum convocado unilateralmente domingo passado para proclamar a própria independência do governo central de Bagdá.

No documento, ao acenar para o referendum independentista - que contou com mais de 90% de votos favoráveis - o Patriarcado caldeu convida novamente todos os sujeitos interessados em assumir uma atitude responsável e a proceder pelo caminho de um “diálogo corajoso”, tendo como objetivo a salvaguarda do bem das populações “que sofreram com as guerras e as violências dos últimos anos”.

Às vésperas do referendum, as autoridades da região autônoma do Curdistão iraquiano fizeram uma manobra para conquistar o apoio das minorias, incluindo os cristãos: o Conselho Supremo para o referendum, apresentou em um coletiva de imprensa um documento político com 16 pontos, em que assume alguns compromissos sobre a plena garantia dos direitos pessoais e comunitários a serem assegurados no Curdistão independente, a todas as componentes nacionais e religiosas presentes na região.

O texto, que quer atestar e afirmar o pluralismo étnico, religioso e cultural da sociedade curda, promete em seu artigo segundo também a autonomia e a descentralização administrativa nas áreas da região em que turcomanos, yazidis e cristãos caldeus, assírios, sírios e armênios têm suas raízes históricas.

O documento, que deveria ser aprovado na primeira sessão do Parlamento independente do Curdistão, promete também a eliminação de toda discriminação com base étnica ou religiosa, a adesão do novo Estado às convenções internacionais no que se refere ao tema da tutela dos direitos das minorias étnicas, linguísticas e religiosas, e o envolvimento de todos os componentes sociais, étnicos e religiosos nos organismos chamados a redigir a nova Constituição.

As diversas siglas e organizações políticas locais animadas por militantes assírios, caldeus e sírios, reagiram de forma diferente ao documento apresentado pelo Comitê para o referendum.

Enquanto o Partido Zowaa (Assyrian Democratic Movement) reiterou que as promessas contidas no documento não são suficientes para garantir a real tutela dos direitos dos diversos componentes religiosos e étnicos, todos os porta-vozes das siglas cristãs favoráveis ao referendum agradeceram a Masud Barzani, Presidente da Região autônoma do Curdistão iraquiano, por ter acolhido os seus pedidos também em mérito à futura autonomia administrativa a ser garantida às áreas de ocupação histórica das comunidades cristãs.

(JE/GV/Fides)








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