Editorial: Francisco, tocar o coração


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco iniciou a semana concluindo a sua 20ª Viagem Apostólica internacional que o levou à Colômbia. Foi um abraço ideal a toda a América Latina. Passados alguns dias dessa importante visita ao nosso continente, gostaríamos de falar, não do que vivemos e narramos aos nossos ouvintes, leitores e telespectadores, mas do que deixou Francisco com a sua passagem a um povo sofrido, “mas alegre e cheio de esperança”.

“O que chamou a minha atenção – disse Francisco na última quarta-feira, durante a Audiência Geral, falando sobre a viagem à Colômbia -, foi a multidão e os pais que erguiam os seus filhos para que o Papa os abençoasse. Eles o faziam como para mostrar que este é o seu orgulho, a sua esperança. Um povo que faz isso é um povo que tem futuro”, afirmou Francisco.

Sim, um povo nobre que não tem medo de expressar-se e de mostrar aquilo que sente. Quatro dias completos são suficientes para falar com afeto sincero de um povo que lhe quis demonstrar que o ama realmente, quatro cidades e “sempre a mesma alegria pelas ruas, nas missas, em todos os lugares”, disse Francisco aos jornalistas no voo papal.

Francisco foi à Colômbia para dar “o primeiro passo” com os colombianos.

Ouvindo alguns protagonistas desta viagem, como o Núncio Apostólico na Colômbia, Dom Ettore Balestrero, podemos dizer que uma primeira impressão foi o rosto dos colombianos que esperaram Francisco, que choraram, que o abraçaram, que se agarraram a ele: quase significando que o Papa foi até eles não somente para mostrar que todos devem dar o “primeiro passo”, mas que o primeiro passo se pode dar e que a Colômbia é capaz disso.

Portanto, a viagem de Francisco a esse país que tanto sofreu, - foram mais de 50 anos de conflito interno -, deu esperança, esperança por um futuro diferente, e certamente melhor. O momento é esse e tudo é possível.

É o momento de construir um país diferente, virando página, construí-lo com amor, respeito, com a capacidade de seus habitantes, que é tanta. Construir um país baseado no respeito dos direitos de cada um e da dignidade de cada pessoa. E essa vontade de construir um momento novo, de olhar para frente é perceptível.

Francisco cruzou o Oceano Atlântico para catalisar esse desejo dos colombianos e ajudar a indicar a direção a seguir. Ele mesmo explicou como fazer reconciliação, ou seja: respeitando o outro, reconhecendo as vítimas, reconhecendo a verdade e o valor da justiça, e que a verdade e a justiça são dois fatores que juntos são indispensáveis para construir um país novo.

Francisco abraçou todo um povo que deseja mudar e curar-se profundamente. E como disse ele mesmo, é preciso olhar as feridas dos outros com misericórdia, conscientes que cada um tem as suas e que todos juntos podem melhorá-las, curá-las.

O primeiro passo foi dado, os sucessivos dependerão dos colombianos. Agora é o momento da tomada de consciência da qual falou o Papa e colocar em prática, começando pela família.

Francisco deixou tantas mensagens, mas a mensagem, em primeiro lugar, foi aquilo que ele é e depois os gestos que realizou. A Colômbia é um país com tantas dificuldades, mas o Papa conseguiu, em meio a obstáculos enormes, falar a um país inteiro, tocando o coração de cada um. (Silvonei José)

 








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