Crônica: meditando a Bíblia a partir do deserto


Dubai (RV*) - As Sagradas Escrituras informam que o povo da Antiga Aliança construiu sua história em continuas andanças. Abraão, a convite de Deus, saiu de sua terra, Ur da Caldeia e foi plantar sua tenda na faixa de terra entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, para formar um grande povo. Devido a uma seca abrasadora, seus descendentes migraram para o Egito onde foram escravizados. Moisés os libertou e os conduziu pelo deserto, durante 40 anos, até a terra prometida, Canãa de onde tinham saído. 

Qualquer caminhante do deserto, depois de algum tempo, anseia avistar as tamareiras, elevando-se acima da superfície de cor amarelada. É a garantia de que lá haverá água e sombra. Com mais um pouco de esforço estará em um oásis, onde encontrará sombra para descansar, água para saciar a sede e alimento para sustentá-lo na caminhada.

Diante da beleza de um oásis, compreendemos melhor a comparação do salmista que afirma: “O justo florescerá como a palmeira”. (Salmo 92,13). Aqui está presente a importância dessa árvore para a cultura do povo hebreu.

Que motivações terão levado o salmista a colocar a tamareira como símbolo do ser humano?

Menciono algumas. As tâmaras se desenvolvem em cachos com centenas de frutas alimentando-se da mesma seiva, indicando que o justo é uma pessoa de comunhão e partilha. A tâmara não só alimenta o viajante faminto, mas também o alegra com seu sabor. O justo é aquele que, com suas atitudes e palavras sábias, alimenta e alegra pessoas famintas de amor e misericórdia, nos desertos da existência humana. Como as caravanas no deserto encontram refrigério sob a copa das tamareiras, as pessoas encontram no justo acolhida renovadora.

Pela sua imponência as tamareiras são vistas de longe, servindo de bússola para que as caravanas não percam a direção. São os marcos geográficos que ajudam os viajantes a se localizarem. Assim é o justo, referência para quem precisa de orientação.

Em função de sua altura e a força de milhares de raízes, a tamareira é símbolo de resistência e vitalidade. Não se abate com as tempestades de areia, ventos e calor. Continua a produzir tâmaras. Por isso o salmista afirma que “o justo florescerá como a tamareira”.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano.








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