Kirill incentiva intercâmbio entre clero católico e ortodoxo


Moscou (RV) - "A oportunidade para os fiéis das duas Igrejas de entrar em contato com a experiência espiritual do outro é o fator mais poderoso que contribui para promover o desenvolvimento das relações intereclesiásticas. Acredito, por exemplo, que as visitas recíprocas aos santuários deveriam fazer parte de um programa de ação conjunto voltado a desenvolver as relações entre as Igrejas".

É o que defende o Patriarca de Moscou e de todas as Rússias, Kirill, ao encontrar na última quarta-feira os participantes da terceira edição da iniciativa "Universidade de verão" para sacerdotes católicos, organizada pelo Instituto Superior de Estudos Teológicos Santos Cirilo e Metódio da Igreja Ortodoxa e pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, representado pelo Padre Hyacinthe Destivelle.

Fruto do encontro com o Papa Francisco em Havana

"Me parece uma boa ideia" estes intercâmbios que, tendo já se tornado uma prática comum, criam "um sistema de recíproco conhecimento da vida das duas Igrejas", disse Kirill, observando que a instituição de tal sistema é consequência do encontro realizado com o Papa Francisco em fevereiro de 20016 em Havana, evento que "deu um impulso vivo e forte ao progresso das nossas relações bilaterais".

Entre as suas profundas consequências - acrescentou - "existe a recente transferência das relíquias de São Nicolau de Bari para a Rússia. Tratou-se de um evento especial, de uma extraordinária força espiritual".

Iniciativa visa fortalecer relações entre as duas Igrejas

A iniciativa, que de 25 de agosto a 3 de setembro deste ano envolveu 12 participantes, busca "fortalecer as relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica na área acadêmica e da cooperação humanitária".

Por este motivo, os participantes visitaram nos dias passados igrejas e mosteiros e encontraram os representantes e responsáveis pelos departamentos sinodais da Igreja Ortodoxa, entre os quais o setor para a caridade, presidido pelo reverendo Alexander Alyoshin, que ilustrou os âmbitos do serviço social do Patriarcado: pessoas com necessidades especiais, toxicodependência, órfãos, sem-teto, famílias em dificuldade, jovens mães, ou outras emergências sociais que recebem uma atenção especial da Igreja Ortodoxa Russa.

Conhecimento recíproco

Em seu discurso, o Patriarca louvou a oportunidade que permite "ao clero católico romano de encontrar-se em Moscou e, ao mesmo tempo, aos representantes de nossa Igreja de visitar Roma, o Vaticano, e ter uma ocasião para familiarizar-se com a vida da Igreja Católica Romana".

Deste modo, cria-se "um sistema de conhecimento recíproco que as duas Igrejas estão modelando".

Trabalho com os jovens e importância do voluntariado

Ao falar da situação russa, Kirill explicou que em quase todas as paróquias - à exceção das muito pequenas - existe uma pessoa dedicada ao trabalho com os jovens, e sublinhou a importância do voluntariado:

"Hoje em todo o país existe um esforço sério para organizar um movimento de voluntários. Em muitas universidades existem sacerdotes ortodoxos e são abertas igrejas e capelas. Mas há muito a ser feito antes que os nossos esforços produzam resultados visíveis e satisfatórios".

Segundo o Patriarca de Moscou, a juventude de hoje na Rússia é influenciada por dois fatores consideráveis que criam dificuldades à pregação da Igreja.

Por um lado, a herança de um ateísmo que dominou por decênios a cena da União Soviética e por outro, a influência da moderna civilização ocidental com os seus valores de consumo e o foco na vida material e o seu desprezo pelo espiritual.

"Mas não obstante todas estas dificuldades, gostaria de sublinhar as notáveis mudanças para melhor verificadas no âmbito da cristianização da nossa juventude".

Padre Destivelle agradeceu ao Patriarca Kirill pelo encontro - do qual também tomou parte o Metropolita Hilarion - e pela oportunidade de visitar mosteiros e santuários da Igreja Ortodoxa russa.

Ademais, expressou a esperança pelo desenvolvimento da prática desta experiência de verão, visto ser capaz de formar sacerdotes também à luz dos conteúdos da Declaração Conjunta assinada em Havana pelo Papa Francisco e pelo Patriarca de Moscou.

(JE - L'Osservatore Romano)

 








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