Atentado na Finlândia gera debate na sociedade e ódio contra imigrantes


Oslo (RV) - "Depois daquela sexta-feira a cidade de Turku continuou pacífica, mas todos estão chocados. O clima é de recolhimento. A Finlândia foi e permanece, não obstante estes eventos recentes, um país pacífico".

Com estas palavras o Pároco da comunidade católica de Turki, Padre Jean Claude Kabeza,  revela o sentimento reinante no país, depois que um jovem marroquino de 18 anos, residente em um centro de acolhida para solicitantes de asilo, criou pânico na Praça do Mercado Kauppatori ao esfaquear e matar duas mulheres e ferir outras 18 pessoas.

Solidariedade

"Nestes dias os habitantes da cidade visitam Kauppatori, onde ocorreu esta tagédia, e colocam flores e velas acesas em memória das vítimas".

Desde o dia do atentado "pessoas especializadas estão no local para escutar quem tem necessidade de falar. A vida é retomada, mas a dor está lá", conta o sacerdote.

Comunidade católica

A comunidade católica "se sentiu diretamente tocada, porque entre os feridos está também uma de nós, que ainda está no hospital e que nós colocamos nas nossas orações com toda a sua família e naturalmente com todas as outras", diz Padre Kabeza.

Também os católicos, assim como todos os habitantes de Turku, "estão se perguntando sobre o por quê de tanto ódio e tanta violência, o por quê atingir pessoas inocentes".

Raiva contra imigrantes

O atentado acabou provocando uma "calorosa discussão na sociedade e sentimentos de ódi" pelos imigrantes, como confirma à Agência SIR o Bispo luterano Kaarlo Kalliala, coadjutor de Turku e Presidente do Fórum Nacional para a Cooperação Inter-religiosa (Uskot), rede nascida em 2011 e que hoje reúne cristãos, judeus e muçulmanos.

Palavras de ódio viralizaram nas redes sociais, levando a um "irracional crescimento do populismo". Discute-se se "a legislação sobre os solicitantes de asilo e a imigração é correta, se não seria necessária uma maior eficiência, se estas leis não acabam levando a situações de desespero", como aquela do jovem autor do ataque.

Finlândia multicultural

A multiculturalidade atual da Finlândia é revelada também pelos últimos dados estatísticos sobre o país, que  indicam que um terço dos 5,5 milhões de habitantes é formado por imigrantes.

A Finlândia é um "país muito forte e estável, onde se vive em paz"; entre as pessoas "a confiança é forte" não obstante tudo, diz o bispo.

Quem agiu em Turku, assim como em Barcelona ou em Manchester, "não pode representar o Islã, nem nenhuma outra religião: são pessoas que buscam justificar seus atos com a religião", mas "na realidade é a infelicidade pessoal" que as leva a fazer isto.

Para o futuro da cooperação inter-religiosa será porém necessário "encontrar vias de encontro e compreensão nas comunidades, não somente entre as lideranças. É necessário aprender a conhecer-se melhor para poder assim cuidar uns dos outros". (JE/LZ)

 

 








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