2017-08-22 17:08:00

Igreja nas Filipinas apela a pôr termo "à guerra da droga"


Nas Filipinas, o Cardeal Luís António Tagle, arcebispo de Manila dirigiu um premente apelo ao Governo do Presidente Rodrigo Duterte a pôr termo à “guerra da droga” que num ano já casou 12 mil homicídios extrajudiciais.

Numa mensagem lida domingo em todas as igrejas do país, o purpurado exorta também as famílias, agencias governatais, organizações populares, escolas, comunidades religiosas, médicos, polícia, militares, e ex-tóxico-dependentes a “unirem-se, a ouvirem-se uns aos outros e a empreenderem um caminho comum na luta contra esta praga”.

A mensagem dos bispos veio na sequência de mais um homicídio ocorrido a 16 de agosto e que chocou muito a comunidade católica das Filipinas. A vítima foi um estudante adolescente de uma escola católica em Caloocan City na área de Manilas, que, segundo a polícia, estava armado e foi morto num tiroteio. Alguns testemunhos afirmam que o estudante de 17 anos estava perto de uma loja quando os polícias o puxaram para o carro e mandaram-no correr antes de lhe dar um tiro.

“Convido-vos a reflectir, a rezar e a agir” – escreve o Cardeal Tagle na sua mensagem. Ele reconhece que a “ameaça da droga ilegal é realmente destrutiva” mas diz que ocorre enfrentá-la juntos, mas o que acontece é que está a dividir a população. Dada a complexidade da questão – sublinha o Cardeal – nenhum individuo, grupo ou instituição pode pretender ter uma solução única e justa: temos necessidade uns dos outros”.

“Para compreender melhor a situação – continua o arcebispo de Manila na sua mensagem – não precisamos unicamente de estatísticas, mas temos de conhecer as histórias. As famílias destruídas pela droga ilegal devem contar as suas peripécias. Às famílias com parentes assassinados na guerra da droga, sobretudo inocentes, deve ser permitido contar o ocorrido”.

O cardeal Tagle termina com o convite a uma novena de oração (que vai do dia 21 a 29 deste mês), pelas vítimas dessa guerra, as suas famílias, para quem procura sair do túnel da droga e a conversão dos assassinos e a vencer o mal com o bem: “Salvemos as vidas das pessoas mais vulneráveis à toxicodependência: os jovens, os pobres, os desempregados. Palavras de solidariedade, sem lágrimas e actos de compaixão custam pouco” – remata.

Há poucos dias – refere a agencia SIR – também D. Pablo Virgílio David, bispo de Caloocan, anunciou a criação de uma missão popular numa zona pobre onde foram mortas só numa semana 50 pessoas: a diocese, juntamente com congregações religiosas, porá à disposição casa e pessoal (advogado, operadores, voluntários) para ajudar  as famílias das vítimas.

Por sua vez, D. Sócrates Villegas, arcebispo de Lingayen, no norte do país, estabeleceu que todas as igrejas da sua diocese, todas as tardes, durantes três meses, os sinos tocarão por 15 minutos, em sinal de protesto contra o crescente número de homicídios por parte da polícia na luta contra os narcotraficantes. Isto “para acordar uma população cobarde”. 

(DA)








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