Parolin em Moscou para diálogo e reconciliação, diz Núncio


Cidade do Vaticano (RV) -  "Faço votos de que esta visita facilite o diálogo e o entendimento entre a Igreja Católica e a Ortodoxa e contribuia para a resolução de inúmeras tensões internacionais".

Foi o que afirmou em síntese o Núncio Apostólico em Moscou, Dom Celestino Migliore (ex-Observador Permanente da Santa Sé na ONU), ao comentar a viagem do Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin à Federação Russa, de 21 a 24 de agosto. O purpurado partiu este domingo de Roma rumo a Moscou.

"A situação internacional, com especial atenção aos aspectos de caráter humanitário" estarão na pauta dos encontros com as autoridades civis russas e com expoentes da Igreja Ortodoxa.

No primeiro dia da visita o Cardeal Parolin encontrará os bispos e a comunidade católica do país, dedicando os dias seguintes ao encontro com Vladimir Putin e o Ministro das Relações Exteriores Lavrov, assim como ao Patriarca Kirill e o Metropolita Hilarion.

A reflexão de Dom Celestino Migliore faz uma ponte com o histórico encontro realizado em Havana entre o Papa Francisco e o Patriartca Kirill em fevereiro de 2016 e se concentra sobre os passos comuns dados pelas duas Igrejas, assim como no papel chave desempenhado pela Rússia no contexto mundial:

"O Cardeal Secretário de Estado vem a Moscou, fazendo-se intérprete da solicitude do Papa Francisco em relação às várias crises mundiais existentes. A Santa Sé acompanha com atenção e preocupação todas estas situações e deseja dar a própria contribuição para uma específica resolução, fazendo apelo também à boa vontade, às possibilidade e ao entendimento dos maiores protagonistas no cenário internacional".

RV: Neste momento, Moscou desempenha um papel particular: em nível internacional voltou a ocupar um lugar de preponderância. Qual poderia ser o papel específico de um Secretário de Estado vaticano nos colóquios com as autoridades da Federação Russa?

"É precisamente o papel da Santa Sé que mantém as portas abertas ao encontro, ao diálogo e ao debate com cada país, cultura e religião e, ao mesmo tempo encoraja a deixar de lado as barreiras ideológicas que seguidamente deturpam a realidade".

RV: Como o Patriarcado de Moscou, assim como a Igreja Católica na Rússia, estão vendo esta visita? Quais as expectativas?

"Depois do encontro do ano passado em Havana entre o Papa e o Patriarca, a posição de Secretário de Estado confere a esta visita do Cardeal Parolin uma particular importância. Como já se pode perceber de algumas entrevistas divulgadas nestes dias, esta visita é muito esperada, quer do lado católica como do lado ortodoxo".

RV: Quais são os âmbitos de crescimento no caminho do diálogo ecumênico em vista da unidade?

"Um dos campos de colaboração, como delineados nas declarações de Havana, é encontrar convergência ao tratar estas questões para facilitar a solução de crises, desafios e ameaças pendentes em várias partes do mundo. Por exemplo, posso citar  uma iniciativa que está avançando: aquela da sensibilização da comunidade internacional à questão das perseguições dos cristãos no Oriente Médio e as modalidade de fornecer ajuda a eles. É claro que esta visita será um momento valioso para discutir sobre esses tópicos, além de outros".

RV: O senhor foi enviado a Moscou no ano passado, após o encontro entre o Papa e o Patriarca Kirril, para acompanhar as relações com o Patriarcado. Quais são os seus votos para a comunidade em que o senhor está inserido?

"Faço votos de que esta visita aumente o conhecimento e a estima recíproca entre as duas comunidades cristãs, precisamente porque o que posso constatar pela minha experiência é que se pode, se deve e se está realizando em nível cultural, religioso, social, humanitário, iniciativas comuns que ajudam esta aproximação. Porém, a iniciativa que me parece mais pertinente ao objetivo é a de criar de todos os modos nas populações, esta idéia de que não temos mais razão para termos medo um do outro. Obviamente, existe todo um passado que pesa, mas existe também a urgência do presente, do futuro que nos chama a seguir em frente e a deixar prá trás estas recriminações do passado".

 

(JE/GC)








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