Após publicação em italiano, prefácio do Papa condenando pedofilia repercute em alemão


Berlim (RV) –   As palavras de condenação dos casos de pedofilia ocorridos na Igreja escritas pelo Papa Francisco no prefácio do livro de Daniel Pittet “Te perdoo, padre”, ganharam ampla repercussão após a publicação em alemão e a divulgação do texto pelo tablóide “Bild”. O livro havia sido lançado em italiano em fevereiro deste ano.

O Papa Francisco, após ter lido as páginas escritas por Pittet, decidiu ele mesmo escrever o prefácio, condenando sem meias palavras os tantos casos de pedofilia dentro da Igreja e os bispos que os acobertaram. “Trata-se de uma absoluta monstruosidade, um pecado terrível, que contradiz tudo o que a Igreja ensina”, disse ele.

“Algumas vítimas até mesmo tiraram a própria vida. Estas mortes pesam no meu coração, assim como na minha consciência e em toda a Igreja. Gostaria de expressar às suas famílias todo o meu amor, a minha dor, e pedir com toda a humildade o seu perdão”, escreveu Francisco.

O autor

Nascido em Friburgo, Daniel Pittet, 58 anos, quando criança foi abusado por anos pelo frade capuchinho Joël Allaz. Após uma longa terapia, ele decidiu narrar os fatos de maneira crua e direta.

O Papa Francisco escreve ter visto “mais uma vez os danos assustadores causados pelos abusos sexuais e o longo e doloroso caminho que aguarda pelas vítimas”. Assim, “para quem foi vítima de um pedófilo – escreve Bergoglio -  é difícil contar aquilo que sofreu, descrever os traumas que ainda persistem mesmo há distância de anos. Por este motivo, o testemunho de Daniel Pittet é necessário, precioso e corajoso”.

O perdão

O livro também traz uma entrevista com o Padre Joël Allaz de julho de 2016, onde o sacerdote fala dos tantos abusos cometidos durante sua vida sacerdotal.

“No ano passado - contou Pittet - o encontrei. Estava velho, tive dificuldades em reconhecer o monstro da minha infância. Me olhou, percebi o seu medo. Mas não me pediu desculpas, não me pareceu arrependido de todo o mal que fez”.

“Escolheu encontrar o seu molestador 44 anos mais tarde e de olhar nos olhos o homem que o feriu no profundo da alma – sublinha o Papa. E estendeu a mão a ele. A criança ferida é hoje um homem em pé, frágil mas em pé. Fiquei muito tocado pelas suas palavras: “Muitas pessoas não conseguem entender que eu não o odeio. Eu o perdoei e construí a minha vida em cima daquele perdão”.

"Sacrifício diabólico"

Francisco também se diz feliz “que outros possam ler hoje o seu testemunho e descobrir a que ponto o mal pode entrar no coração de um servidor da igreja”.

“Como pode um padre, a serviço de Cristo e da sua igreja, chegar a causar tanto mal? - pergunta o Papa no prefácio. Como pode ter consagrado a sua vida para conduzir as crianças a Deus e acabar, pelo contrário, por devorá-las naquilo que chamei de “um sacrifício diabólico”, que destrói quer a vida da vítima, como da vida da Igreja?".
 

 

 








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