Editorial: o caminho do martírio de todos os dias


Cidade do Vaticano (RV) - O assassinato do Pe. Jacques Hamel, em 26 de julho do ano passado, traz à tona o tema do martírio.

O sacerdote tinha oitenta e cinco anos quando foi degolado por dois terroristas, enquanto celebrava a Eucaristia na igreja de Saint-Étienne du Rouvray, situada no norte da França.

Na última quarta-feira, 26, há um ano do seu assassinato, o Papa Francisco recordou, em sua conta no Instagram, o sacerdote francês e também outras pessoas que morreram pelo nome de Cristo com as seguintes palavras: “Hoje, recordamos Pe. Jacques Hamel que, como muitos outros mártires do nosso tempo, dedicou a sua vida a serviço dos outros.”

Os primeiros cristãos pagaram com a própria vida sua fé em Jesus Cristo. Quem testemunha Cristo está sujeito também nos dias de hoje a passar pela palma do martírio. É chamado a dar um testemunho firme da fé em Cristo, sem negociações, a ponto de doar a própria vida.  

Durante a missa em sufrágio do sacerdote francês celebrada na Casa Santa Marta, em 14 de setembro de 2016, Francisco disse que o Pe. Jacques “é um mártir, e os mártires são bem-aventurados”. “Devemos rezar para que ele nos dê a mansidão, a fraternidade, a paz e também a coragem de dizer a verdade: matar em nome de Deus é satânico”, frisou o Papa naquela ocasião.

Assim como outros cristãos mortos por ódio à fé, a morte do Pe. Jacques se une ao sacrifício de Cristo na cruz, “mistério que se faz martírio pela salvação dos homens: Jesus Cristo, primeiro Mártir, o primeiro que deu a vida por nós. Neste mistério de Cristo começa toda a história do martírio cristão, dos primeiros séculos até hoje”, recordou ainda o Papa.

Esta é uma história que se repete sempre. “Hoje, na Igreja há mais mártires cristãos do que nos primórdios. Hoje, há cristãos assassinados, torturados, presos, degolados porque não renegam Jesus Cristo”, sublinhou ainda o Papa na homilia, afirmando que Pe. Jacques Hamel “faz parte dessa corrente de mártires”.

Os mártires nos dão essa lição de vida. São exemplo de uma fé robusta que os leva até a última consequência: a morte. Eles não são “cristãos mornos, sem coragem”, como disse várias vezes o Papa Francisco, pois não obstante vejam a própria vida ameaçada, permanecem fiéis a Deus e com Ele vencem o mal com o bem. 

“O martírio é testemunho supremo e o sangue dos mártires não é derramado em vão. Os mártires são um modelo que nos incentiva a permanecer com o Senhor e em todas as circunstâncias abraçar a sua cruz e confiar em seu amor. Como o sangue de Cristo, derramado por amor, reconciliou e uniu, fazendo germinar a Igreja, assim o sangue dos mártires é semente da unidade dos cristãos”, disse o Pontífice numa outra ocasião.

O Papa chamou a atenção também para o testemunho diário, de todos os dias, “o testemunho de tornar presente a fecundidade da Páscoa” que nos é dada pelo Espírito Santo, “que nos guia rumo à verdade plena, verdade inteira, e nos faz recordar o que Jesus nos diz”.

Segundo Francisco, “um cristão que não leva a sério esta dimensão de martírio da vida não entendeu ainda o caminho que Jesus nos ensinou: o caminho do martírio de todos os dias; o caminho do martírio em defender os direitos das pessoas; o caminho do martírio em defender os filhos: pai e mãe que defendem sua família; o caminho do martírio de tantos, tantos doentes que sofrem por amor a Jesus. Todos nós temos a possibilidade de levar avante esta fecundidade pascal no caminho do martírio, sem nos escandalizar.”

Que a coragem e o exemplo de fé testemunhados por Pe. Jacques Hamel e tantos outros mártires do nosso tempo nos ajudem a prosseguir sem medo na estrada que Cristo nos indica, e a semear amor, fraternidade e solidariedade entre os homens ao longo da nossa caminhada neste mundo. 

(MJ)








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