Egito: Al-Azhar divulga material informativo contra extremismo islâmico


Cairo (RV) - A Universidade egípcia de al-Azhar, a mais importante instituição religiosa do mundo muçulmano sunita, decidiu montar algumas cabines nas estações de metrô do Cairo, para oferecer aos passageiros panfletos e material informativo contra ideias erradas propagadas pelo extremismo islâmico.


 
A decisão foi tomada depois dos últimos episódios de violência perpetrados no país, como a morte de vinte e oito agentes de segurança em dois ataques terroristas praticados no início de julho na Península do Sinai, perto de algumas das pirâmides mais famosas do Egito.

As autoridades egípcias estão preocupadas com o aumento contínuo da tensão entre muçulmanos e cristãos. Desde dezembro passado foram mais de cem os cristãos coptas mortos. 

A iniciativa da Universidade de al-Azhar quer colocar um freio a essa escalada de violência, corrigindo todas as interpretações erradas dos textos religiosos que são muitas vezes usadas como pretextos para justificar a violência e a intolerância. 

As reações, até agora, foram cautelosas em relação à iniciativa. “Pode ser que eu use futuramente essas cabines. Às vezes me faço perguntas e essa poderia ser a ocasião justa”, declarou o Sr. Abdel Wali Hassan.

O jovem Adham Youssef, que usa o metrô todos os dias, manifestou um parecer totalmente contrário: “Para quem, como eu, usa o metrô duas vezes por dia, para ir trabalhar e voltar para casa, preferiria que fossem garantidos serviços mais eficientes e mais segurança contra moléstias e criminalidade comum.”

Descrença total sobre a eficiência da iniciativa foi manifestada pelo diretor de Arabic Network for Human Rights, Gamal Eid, que disse estar convencido de que servem no momento medidas voltadas para o combate ao terrorismo, corrupção e opressão. “Não acredito que essas cabines irão combater o terrorismo. Essa medida não é uma prioridade”, disse ele.

Mas, segundo o secretário-geral da instituição de al-Azhar, Mohi el-Din Afifi, “com essa iniciativa a universidade sunita está prestando um serviço à nação e aos seus cidadãos”.

A iniciativa de al-Azhar se realiza poucos dias depois da proposta apresentada à presidência egípcia pelos pesquisadores da mesma universidade para um projeto de lei que condene a violência em nome do Alcorão. 

Apresentada ao governo no final de junho, a proposta de lei condena a incitação ao ódio e a justificação da violência por motivos religiosos. 

A comissão que elaborou a proposta de lei foi presidida pelo Grão-imame da Mesquita de al-Azhar, Ahmed al-Tayeb, e pretende mostrar sem demora a incompatibilidade entre violência justificada com as questões religiosas e lei islâmica”.
 
(MJ)








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