Card. Urosa Savino: é uma guerra contra o povo


Caracas (RV) – O episcopado venezuelano mostra-se cada vez mais preocupado com a situação vivida no país. As mortes nos protestos chegam a quase 90  Os prelados pedem  ao governo para “reconsiderar a situação” e de não implantar “um sistema totalitário militarista-marxista”.

“Nós (os bispos), como já dissemos, pedimos ao Governo nacional que reconsidere, que desista desta atitude de querer implantar na Venezuela um sistema totalitário marxista, e agora também militar, militarista” e que “desista de utilizar recursos legais para desmantelar o Estado. Tudo isto é reprovável e intolerável e não é o caminho que deseja a maioria do povo venezuelano”, reiteram os prelados em um comunicado.

Sintonia com o Papa Francisco

Na missa celebrada na Solenidade dos Santos Pedro e Paulo na Igreja de Nossa Senhora da Candelária, em Caracas, o Cardeal Jorge Urosa Savino, falando em seu nome, disse que “o sentir de suas palavras é o mesmo da Conferência  Episcopal Venezuelana, cuja comunhão e sintonia com o Papa Francisco foi ratificada em recente visita ao Vaticano”.

O Governo de Nicolás Maduro convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, cujas eleições estão previstas para 30 de julho, porém a Igreja venezuelana manifestou a sua rejeição em reiteradas oportunidades, por considerar que a população, antes que mudar a Carta Magna, necessita de comida, segurança, eleições democráticas e livres e respeito às leis, entre outras oportunidades.

Rechaço à violência de Estado

Neste contexto, o Arcebispo de Caracas referiu-se à situação no país, catalogando-a como “extremamente grave” e que poderia ser definida  como “ uma guerra do Governo contra o povo”.

Assim, condenou a repressão contra os manifestantes, tanto dos órgãos de segurança do Estado como por grupos paramilitares, e que ao longo de três meses provocou a morte de quase 90 pessoas.

“Estes grupos armados e corpos de segurança do Estado, provocaram mortes de uma maneira realmente criminosa, como por exemplo, disparar armas de fogo diretamente contra a cabeça ou disparar a curta distância, ou as bombas de gás lacrimogênio para causar danos mortais”, denunciou.

“Não se pode chamar de outra maneira essa repressão cruel que se desencadeou, inclusive com a invasão de conjuntos residenciais, o ingresso forçado nestes lugares, o ataque às pessoas em suas casas sem nenhuma justificativa. Sobretudo o assassinato de mais de 70 pessoas, o que é totalmente condenável e rechaçamos isto de todo o coração”.

Mensagem às famílias

Uma mensagem também é dirigida às famílias que perderam seus filhos nas manifestações, a maioria jovens, apresentando a elas sua solidariedade, seu pesar e proximidade. “Convido-os a não se deixarem levar pelo rancor, nem pelo ódio, mas sim pedir a Deus esperança e consolo, porque Jesus Cristo nos chama a participar para sempre da vida eterna”, afirmou, após concluir a celebração.

Governo deve garantir alimento

A respeito da escassez de alimentos e remédios, Dom Urosa Savino fez um chamado ao Governo para que resolva esta situação, pois as famílias não tem como fazê-lo, precisando que o Governo está em dívida com a população, por  não cumprir sua obrigação de garantir a segurança alimentar dos venezuelanos.

Beatificação de José Gregorio Hernández

Por fim, o Cardeal Urosa Savino sublinhou que em 29 de junho foi recordada “a santa morte do Doutor José Gregorio Hernández, um venezuelano distinto, exemplo de vida cristã, médico dos pobres, venerável na Igreja pois suas virtudes heroicas são reconhecidas, e por isto pedimos muito a Deus que possamos alcançar o milagre que necessitamos para que se decrete a sua beatificação”.

(JE/CEV)








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