Card. Damasceno: "Reconstruir o Brasil é também dever dos cidadãos"


Cidade do Vaticano (RV) – Qual é o projeto de nação que temos para nosso país? Queremos um país unido em suas diferenças, pois a crise pode nos ajudar a pensar e a amadurecer.

O Cardeal Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito de Aparecida (SP), reside em Brasília (DF). O seu sonho é ter um país em que reinem justiça social, paz, respeito pelo meio ambiente e desenvolvimento integral. E para isso, é prioritária a participação de todos, com consciência e responsabilidade.

Ouça a entrevista exclusiva à RV:

“Toda crise tem seus benefícios. Crises não têm só um lado negativo; ela ajuda a amadurecer, a refletir, a pensar... em que rumo queremos dar ao nosso país. Que projetos de nação temos para nosso país e que pessoas podem realizar este projeto com o qual todos nós sonhamos: um Brasil desenvolvido, com desenvolvimento sustentável, integral, como lembra o Papa, com respeito pelo meio ambiente, com justiça social: nós queremos um país unido nas suas diferenças mas ao mesmo tempo um país onde cada um possa viver com dignidade, como convém aos cidadãos, ao ser humano... superando e vencendo estas brechas profundas que existem entre aqueles que possuem muito e a maioria que não possui sequer o necessário para viver com dignidade”.

“Nós queremos um país onde os direitos dos cidadãos sejam respeitados, possam ser realizados no que diz respeito à educação, à saúde, à habitação, ao trabalho, à paz na sociedade”.

“Temos que aproveitar esta situação (de crise) para uma reflexão profunda e ver que passos podemos tomar para ir para frente! O Brasil precisa ser repensado e quase reconstruído, de certo modo. Pelo que vamos vendo, o que está aparecendo com as investigações, com as denúncias, é realmente uma corrupção muito grande: recursos públicos desviados para interesses próprios em detrimento da população, sobretudo dos mais pobres. São os mais pobres que padecem, não têm acesso à saúde e deveriam ter habitação, saúde, trabalho, uma infraestrutura, uma convivência pacífica do país, etc.”.

A responsabilidade de cada um

“Creio que isto nos leve levar a pensar, a refletir e tomar consciência da nossa responsabilidade de cidadãos, pois tomos somos responsáveis pelo bem do país. Ninguém pode fugir às suas responsabilidades. Somos membros de uma comunidade, de uma nação, somos cidadãos e como tais, não posso me colocar indiferente a nada que interessa ao bem comum ou de todos. Tenho que assumir minha responsabilidade, pois o bem de todos depende da participação de todos. Ninguém pode ser feliz isoladamente, individualmente, sem que os outros também alcancem um nível razoável de vida digna e que com isso possa ter mais paz, mais felicidade, mais alegria em sua vida diária, na sua convivência social, na sua família, município, enfim, em seu país”.  








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