Católicos, islâmicos e sikhs oram juntos e partilham a ceia


Dubai (RV*) - O Papa Francisco disse que a “diplomacia é o trabalho de pequenos passos”.  O mesmo pode ser dito do relacionamento entre as religiões. Se nos últimos anos os grupos extremistas causaram horrores em quase todo o planeta, não é menos verdade que florescem novas ideias e inspirações, visando a harmonia e a paz.   “Haverá paz no mundo quando houver paz entre as religiões”, afirma o teólogo Hans Küng.

De alguns anos para cá, nos Emirados Árabes Unidos, a aproximação e o convívio entre as religiões assinalam para tempos em que podemos sonhar com a possiblidade real de um mundo fraterno. O respeito entre religiões diferentes, como primeiro passo, já foi dado. Sob a tenda da tolerância, chegou a hora de, lentamente, e em harmonia buscar a paz.

Nesta época do ano em que os islâmicos vivem o mês sagrado de Ramadã, as religiões também organizam o “Iftar”, a quebra do jejum que coincide com o pôr do sol. Só para informação, o “Iftar” é uma ceia da qual participam as famílias, mas também são convidados os pobres e amigos.

Neste ano o Templo Sikh e a Igreja Católica, ao cair da tarde, fizeram a convocação para a oração seguida de janta com as comidas próprias para a ocasião, sendo os islâmicos e seguidores de outras religiões, os convidados.

 A experiência de diversas nacionalidades e diferentes religiões, num encontro de oração, fez aflorar testemunhos valiosos. “Nossos rostos e cores diferentes, as diversas nacionalidades conduzem a um ponto de reflexão; que nosso Criador é poderoso”, disse Ahmed Hamid, diretor do Centro Islâmico Al Manara.

O seguidor da religião Sikh, Surender  Singh Kandhari, afirmou: “A melhor maneira para eliminar o extremismo é criando amizade entre religiões e nacionalidades”.

“Nós todos adoramos a Deus, mas em maneira diferente, e Deus criou-nos diferentes. Sendo assim aprendemos uns dos outros a não nos combater”, disse Mirza Al Sayegh, da religião Hindu.

A Igreja Católica de São Miguel, no Emirado de Sharjah, é pioneira em organizar atividades, visando o encontro entre cristãos e islâmicos. Neste ano, 400 muçulmanos atenderam a convocação para a oração, conhecida como “azaan” e se reuniram na Igreja com o Sheik Fahim Al Qasimi e oficiais do governo para, junto com os padres, fazer oração. “Estamos felizes de dar as boas vindas aos nossos irmãos muçulmanos para a ceia do “Iftar”, numa atmosfera de paz e harmonia, na qual duas grandes religiões se encontram para partilhar o amor, a fraternidade e o perdão”, disse o Padre Wissam Al Massa´deh.

Mais de 200 jovens voluntários católicos saíram, nas proximidades do mercado central, distribuindo comida aos motoristas e necessitados. “Os irmãos muçulmanos que receberam a comida e água ficaram muito felizes ao saber que é uma iniciativa da Igreja Católica”, testemunharam.

Com satisfação o Sheikh Fahim Al Qasimi disse que “O evento no qual islâmicos e cristãos se encontram para partilhar a comida e o amor indica o modelo de tolerância que os Emirados Árabes Unidos adotaram, nesse momento que o mundo árabe atravessa uma crise”.

O trabalhador Fahad Abdullah Fahad disse que havia entrado pela primeira vez numa igreja católica. “Nunca tive uma ceia “Iftar” como convidado de outra religião. Esse convite produz em mim um profundo sentimento de alegria. É uma iniciativa que me dá felicidade. Eu realmente experimentei a bondade e hospitalidade.”

Farman Barakat Ali é outro trabalhador que se sentiu surpreso com o convite de participar do “Iftar” numa igreja católica. “Foi impressionante ouvir o “azaan, chamado para a oração, vindo de uma igreja. É uma experiência maravilhosa”, afirmou.

São os pequenos passos de uma longa caminhada. O importante é que as pessoas diferentes caminhem lado a lado com respeito e harmonia, vivendo amor que produz a paz.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano








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