"Plano Araucanía" para Mapuches é início de um percurso de verdadeira justiça, diz Dom Vargas


Santiago (RV) –  “Acredito que quando o Chefe de Estado, em nome do Estado e do país, pede perdão publicamente aos povos indígenas - e em modo particular esta vez ao povo Mapuche - pelos erros cometidos nos últimos 150 anos, trata-se de um gesto e um sinal que deve ser avaliado em toda a sua grandeza, e que tem a ver com a  política do reconhecimento”.

Com estas palavras, Dom Héctor Vargas, Bispo de Temuco e membro da Comissão para a Causa Mapuche, comentou o pronunciamento da Presidente do Chile, Michelle Bachelet, em que em 23 de junho entregou simbolicamente ao povo chileno o aguardado “Plano para Araucanía”, com o qual pretende colocar fim ao histórico conflito entre Estado e povo Mapuche.

Pedido de perdão por parte do Estado

“O Bispo – refere a Agência Fides – assim comentou o gesto: “Sabemos que o governo trabalhou no relatório do Comitê consultivo por quatro meses, para chegar, enfim, à resposta dada na sexta-feira 23 pela Presidente. Falta ainda conhecer o resto das propostas, mas deveremos vê-las para ter uma ideia completa. Mas um certo número de questões delicadas enfrentadas penso que representem um progresso”.

Na cerimônia da entrega do Plano, a Presidente pediu “perdão ao Povo Mapuche pelos erros e horrores cometidos ou tolerados pelo Estado na sua relação com ele e as suas comunidades”.

A Igreja: gesto encorajador

Segundo nota enviada à Agência Fides, as medidas deste Plano buscam o reconhecimento constitucional do povo Mapuche, o desenvolvimento produtivo e a ampliação dos programas de ressarcimento para as vítimas da violência.

Sobre este último ponto, a Presidente afirmou: “Reconheço a dor e as perdas que atingiram todas as vítimas da violência rural na região naqueles momentos em que não conseguimos, como Estado, garantir a paz e proteger a sua integridade”.

Dom Vargas afirma que “faltava um gesto do gênero. Isto pode ser muito encorajador para todos nós, é o início de um percurso de verdadeira justiça”.

O prelado também valorizou a consideração pelas vítimas da violência que não receberam do Estado “toda a segurança necessária para levar em frente suas vidas em paz, para trabalhar e produzir com todos os elementos necessários e desta maneira levar ao crescimento e desenvolvimento da região”.

Reivindicações

Os mapuches, concentrados em Temuco – Região de Araucanía - reclamam uma série de direitos e reconhecimentos. A isto se soma a pobreza e a falta de integração, elementos que alguns radicais tomaram como bandeira de luta, o que os levou a incendiar construções agrícolas, maquinários e igrejas, o que provocou a morte de pessoas.

Somente em 2016, grupos radicais indígenas queimaram 14 templos católicos e um seminário diocesano no sul do Chile, aduzindo à “reivindicação da causa mapuche”.

Para colaborar com o processo de  paz, a Comissão  Consultiva Presidencial para “La Araucanía” - instituída em julho de 2016 e presidida por Dom Vargas - entregou diversas propostas com o objetivo de colocar fim ao conflito.

Plano de Reconhecimento e Desenvolvimento

O “Plano de Reconhecimento e Desenvolvimento da ‘La Araucanía’,  apresentado pela Presidente Bachellet, contempla medidas para fomentar na região a participação dos povos indígenas, o desenvolvimento econômico e a proteção às vítimas da violência.

Alguns temas contidos no documento se referem à participação dos povos indígenas e seu reconhecimento na nova Constituição, a representação no Parlamento e um impulso ao desenvolvimento econômico da região.

Também fica decretado que 24 de maio será o Dia Nacional dos Povos Originários e feriado nacional. O documento  oficializa ainda o uso do mapuzungun como língua da região e modifica a normativa de terras e águas considerando a postura mapuche.

A região de “La Araucanía” concentra uma grande quantidade da população Mapuche e os mais altos índices de pobreza em nível nacional.

A capital é Temuco e será uma das três cidades que visitará o Papa Francisco em janeiro de 2018.

(JE com Agências)








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