"Civiltá Cattolica" homenageia Primo Levi, "mártir da shoah"


Roma (RV) – A renomada revista da Companhia de Jesus, “La Civiltá Cattolica”, homenageia em sua edição atual o escritor Primo Levi, definido no artigo assinado pelo Padre Giancarlo Pani como “mártir da Shoah”.

Primo Levi, nascido em 31 de julho de 1919, foi um químico e escritor italiano. Escreveu memórias, contos, poemas, e novelas. É mais conhecido por seu trabalho sobre o Holocausto, em particular, por ter sido um prisioneiro em Auschwitz-Birkenau. Seu livro “É isso um Homem?”, é considerado um dos mais importantes trabalhos memorialísticos do século XX.

“Era um químico que costumava definir o seu trabalho “a profissão do dia”, para distingui-lo do outro, aquele feito de noite, quando escrevia sobre o que ardia dramaticamente em seu íntimo”, escreve o jesuíta Pani.

Suas três obras mais conhecidas, autobiográficas, estão “entre as obras-primas do século XX”, escreve o sacerdote: “É isso um Homem?”, “Os Afogados e os Sobreviventes” e “A trégua”.

Mesmo que não tenham sido escritos por um letrado de profissão, os livros de Primo Levi são verdadeiras pérolas literárias, pois nascem do sofrimento vivido, meditado, e nunca aceito – observa a revista dos jesuítas, cujos esboços são revisados pela Secretaria de Estado vaticana. Narram o drama do judeu deportado, condenado a morrer de desprezo, de cansaço, de fome, de doença, de espancamentos”.

Em seus livros autobiográficos, Primo Levi “testemunhou ao mundo a tragédia de um genocídio único na história da humanidade, o da Shoah”. Ao mesmo tempo, nos livros são apresentados “personagens extraordinários que somente circunstâncias extremas podem revelar”.

“Apesar das condições desumanas nos campos de concentração, alguns judeus tiveram a força e a coragem de afirmar a própria dignidade e de conservar a própria humanidade”, observa Padre Pani.

“Primo Levi, humilde testemunha do campos de concentração, ou melhor, “mártir” daquele horror, não soube resistir à vergonha de uma desumanidade que de nenhuma forma - nos longos quarenta anos que se seguiram após o seu retorno - lhe foi possível aceitar”, conclui o ensaio da Civiltà Católica.

Levi morreu em 11 de abril de 1987, na sequência de uma queda no vão da escada interna do prédio de três andares onde vivia. Especula-se, até hoje, que se tenha suicidado. À época, Elie Wiesel disse que "Primo Levi morreu em Auschwitz há quarenta anos". Embora muitos parentes argumentem que a queda foi acidental, os biógrafos tendem, na sua maioria, a acatar a ideia de suicídio.

 








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