Pe. D'Ambra das Filipinas: prudência para salvar o diálogo


Cidade do Vaticano (RV) – “É preciso rezar porque não sabemos o que pode acontecer e o diálogo construído até agora pode fracassar”.

Padre Sebastiano D’Ambra, missionário do Pime nas Filipinas, Teme o pior diante da notícia de que os milicianos do grupo local Maute estão usando os cristãos sequestrados há alguns dias em Marawi como mercadoria de troca.

De fato, o Padre Teresito Soganub e ao menos 15 paroquianos foram feitos reféns durante um ataque à Catedral, no contexto de violentos combates com o exército. O grupo Maute porém, tem uma estratégia muito precisa, como contou por telefone à Rádio Vaticano desde Zamboanga, o Padre Sebastiano:

“Esta é uma situação nova e alarmante. Não sabemos que desdobramentos terá, mas certamente os ataques continuarão. Em sua lógica diabólica, pensam em instaurar aqui uma província do Califado e encontraram terreno fértil para isto. Este grupo, Maute, que é o nome de uma família da região, tem contatos no exterior e construiu esta ideologia também com muito dinheiro. Sabemos também que muitos jovens recebem altos salários para fazer parte do grupo”.

RV: As vítimas dos combates entre fundamentalistas e exércitos são dezenas. O senhor também teme pela sorte destes paroquianos e do sacerdote?

“Sim, sei que estas são coisas que acontecem normalmente para se obter favores do governo. Já pediram ao sacerdote para dizer ao governo para parar com os ataques aéreos. Há alguns anos, em Zamboanga, aconteceu algo similar com muitas vítimas e dez mil casas queimadas. Mas em Marawi será ainda pior, porque o elemento do fanatismo religioso é muito acentuado. Assim, em Zamboanga, conseguimos deter o discurso de ódio religioso;  nos colocamos lado a lado, cristãos e muçulmanos, declaramos que este não é um fato religioso. Ali, pelo contrário, com este discurso do Estado Islâmico, tudo se torna mais complicado”.

RV: É possível, portanto, disto que o senhor relata, que tanto o Padre Teresito como os outros reféns podem ser usados, não como mediadores, mas também como mercadoria de troca para obter a retirada dos militares e o fim dos combates?

“Sem dúvida. E isto já está acontecendo. Espera-se que os militares atuem com prudência, porque a tendência é a de expulsar todos, sem se importar com as consequências. Faço votos de que prevaleça o bom senso. Não sei quanto bom senso neste tempo temos da parte deles. Deve-se rezar para que ao menos exista aquela visão de encontrar um acordo. De fato, o Presidente, não obstante tudo, disse: “O espaço para o diálogo é ainda possível, porém se vocês continuarem nós atacaremos”, porque com efeito, os militares podem atacar, têm aviões e certamente estes rebeldes não os têm”.

RV: Também a Conferência Episcopal filipina lançou um apelo às forças governamentais para que não somente restituam a calma, a lei, mas também cuidem da incolumidade dos reféns. Sobretudo pediram depois a este grupo para depor as armas. O senhor sabe se este apelo encontrou alguma ressonância?

“Sei que existem diversos encontros em um certo nível. Depende se os militares a este ponto estão estrategicamente prontos para dizer sim ou dizer: “Sentimos muito, não devemos seguir em frente porque de outra forma acontecerá isto ou aquilo”. Não está ainda claro quais sejam os cálculos estratégicos”.

RV: De imediato, o que poderia ser feito?

“Rezar. É um diálogo construído lentamente com tanta paciência, mas agora é destruído ao menos aparentemente, porque sem dúvida, no coração de muito prevalece o desejo de paz e de diálogo”.








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