Dom Jaime Spengler: "Quadro político perdeu perspectiva da ética"


Brasília (RV) – Na violência desencadeada durante as manifestações da tarde de quarta-feira (24/05) em Brasília, 49 pessoas ficaram feridas e foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros. 45 destas foram encaminhados a hospitais. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da capital, 45 mil pessoas participaram dos protestos, enquanto para a Central Única dos Trabalhadores, 200 mil manifestantes passaram pelo local ao longo do protesto.
Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre, comenta a violência, expressa a preocupação dos bispos brasileiros e opina que os protestos são uma expressão clara da insatisfação popular. A entrevista foi concedida em exclusiva, para a RV:

“Certamente o que assistimos ontem em Brasília nos preocupa e causa uma certa expectativa. Penso que o que vimos é expressão de uma parcela da população insatisfeita com aquilo que estamos assistindo diariamente nos telejornais. É consequência das denúncias que dia a dia se somam, mostrando um quadro que perdeu a perspectiva da ética e isto sem dúvida preocupa e preocupa muito”.

“Os bispos esperam que se consiga encontrar uma via de saída, uma estrada para a superação desta situação, através do diálogo e do respeito pelas instituições, que bem ou mal, estão se mantendo e funcionam bem”.

A reforma da previdência e a reforma trabalhista são necessárias, precisam ser feitas. Há anos, se vem discutindo esta necessidade. Junto com elas, precisamos também de uma reforma do sistema político, de uma reforma agrária, de uma reforma tributária. Ao que parece, existe medo, um receio ou talvez até incompetência das pessoas envolvidas em levar adiante estas necessárias reformas. O Brasil precisa destas reformas, mas a população precisa ser ouvida, o povo precisa ser levado em consideração, as expectativas do nosso povo precisam ser avaliadas. Não se pode levar estas reformas tão necessárias e urgentes a toque de caixa”.

(A decisão de convocar o exército às ruas ) “nos surpreendeu. Existem outras possibilidades, eu diria, talvez mais simples e não tão radicais. Quando se chama o exército, isto causa, no mínimo, um estranhamento”.

(CM)

 

 








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