Pe. Samir: Papa no Egito uniu cristãos e muçulmanos


Roma (RV) - A visita do Papa ao Egito continua provocando comentários positivos. Para o jesuíta Pe. Samir Khalil Samir, egípcio e professor de Islamismo no Pontifício Instituto Oriental de Roma, a visita foi de grande importância, uniu e encorajou cristãos e muçulmanos na construção da paz e no combate à violência.
 
Eis o que disse Pe. Khalil Samir à nossa emissora.

Pe. Khalil: “Certamente, uma viagem de sucesso. Foi muito importante porque o Egito encontra-se numa situação de isolamento. Isso abre, dá um pouco de ar. Os muçulmanos se sentem em dificuldade por causa do terrorismo. O fato de poder encontrar um homem que apoia, que simpatiza, como no caso do Papa, isso dá coragem e força ao presidente, como à instituição de Al Azhar, mas também a todos os cristãos do Egito, pois sofrem esse terrorismo. Esta viagem teve também outra importância: os muçulmanos se sentem unidos aos cristãos nessa provação dos atentados. Os muçulmanos nos ajudaram e há quem diz: “Vocês são nossos irmãos”. Este testemunho é também o resultado desta viagem ao Egito.” 

Em relação ao diálogo inter-religioso, o novo encontro entre o Papa e o Grão-Imame Al Tayeb. Qual foi o progresso no diálogo entre cristãos e muçulmanos?

Pe. Khalil: “A coisa essencial é que o Papa tem confiança em Al Tayeb e Al Azhar, os encoraja, os apoia, pois diz:  continuem nesta linha da não violência. Al Azhar o proclama, e a gente diz: “Sim, mas o que fazem para realizá-la?”. Isso poderia ser um encorajamento: podem contar com o apoio dos cristãos considerando o apoio trazido pelo Papa.” 

Pe. Samir, para a comunidade copta e também para a pequena minoria católica estas horas transcorridas pelo Papa no Cairo que significado tiveram, segundo o senhor?

Pe. Khalil: “Para a comunidade copta-católica que é muito pequena, significa: o Papa se interessa também por nós que somos menos de 300 mil. Isso é muito importante. Significa também que o Papa é o ‘pai’ de todos os cristãos não somente os católicos, mas todos os cristãos. Testemunhou uma fraternidade com todos, sem excluir ninguém. Isso foi mostrado concretamente no seu abraço ao imame Al Tayeb, como também ao presidente, de forma sinceramente afetuosa, que fala mais do que os discursos. Depois, o diálogo com os ortodoxos até chegar a um acordo em relação ao Batismo. Este é um passo avante que não se poderia imaginar! Enfim, como dizia, em relação à pequena comunidade católica, ou seja, em todos os níveis, esta viagem mostra que nós somos uma família, um povo, o povo egípcio: diferentes, mas a diversidade é um enriquecimento, não um empobrecimento. Esta parece ser a mensagem tripla que esta rápida viagem trouxe ao Egito. Cabe a nós agora implementá-la na vida cotidiana.” 

(MJ)








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