As Igrejas Copta Ortodoxa e Copta Católica no Egito


Cairo (RV) – A presença do Papa Francisco no Egito, também é um sinal de proximidade aos cristãos do país, vítimas de atentados e perseguições.

De fato, a presença cristã no país remonta ao início do cristianismo. A maioria dos cristãos no Egito hoje são coptas, sendo difícil estabelecer com precisão os números reais, visto variarem segundo a fonte: o governo os subestima enquanto fontes eclesiais os superestimam. Estimativas mais confiáveis, no entanto, falam de cerca de 9 milhões de fiéis, ou seja, cerca de 10% da população. Dentre estes, 150 a 200 mil são coptas-católicos e cerca de 100 mil coptas-evangélicos. 

A Igreja Copta Ortodoxa

A Igreja Copta Ortodoxa tem origem no cisma dos monofisistas (que negavam a natureza humana e divina de Jesus) no Concílio de Calcedônia, no ano de 451. Por isto é também definida como pré-calcedônica.

Somente após o Concílio Vaticano II – ao qual a Igreja Copta Ortodoxa enviou observadores -  é que foi iniciado um caminho ecumênico que levou em 1973 ao primeiro encontro – depois de 15 séculos – entre Paulo VI e o Patriarca copta Shenudá III. Desde então, teve início um diálogo teológico que culminou, em 1988, com a assinatura de uma Declaração Cristológica comum, colocando fim a séculos de recíproca desconfiança.

A hierarquia eclesiástica é formada pelo Patriarca (atualmente Tawadros II) - que tem por título Papa de Alexandria e Patriarca da sede de São Marcos, e reside no Cairo; por cerca de sessenta metropolitas e bispos membros do Santo Sínodo; por outros bispos com encargos especiais ou residentes fora do Egito.

A Igreja Copta Ortodoxa é membro do Conselho Ecumênico das Igrejas e de outros organismos ecumênicos.

Os fiéis coptas estão concentrados no Alto Egito, mas encontram-se também em Jerusalém, em diversos países do Oriente Próximo, na África (Sudão e Sudão do Sul, Quênia, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe), América (Canadá, Estados Unidos, Brasil, Argentina) e Europa (Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Grécia, Holanda, Suécia, Suíça, Grã Bretanha, Itália e Irlanda. Na Itália existem duas dioceses com bispos residentes.

Entre os ortodoxos no Egito não deve ser esquecido o Patriarcado Greco-Ortodoxo de Alexandria e de toda a África, Igreja autocéfala que reconhece ao Patriarca ecumênico de Constantinopla o título de Primus interpares e que conta hoje com mais de 300mil fiéis.

A Igreja Copta Católica

Em 1666, a Ordem Franciscana que havia fundado uma missão no Cairo em 1630 - seguida em 1675 pelos jesuítas - estabeleceu-se no país. Deve-se portanto à pregação dos frades franciscanos o surgimento da primeira comunidade copta-católica, isto no século XVIII.

Atualmente, a Igreja Copta Católica é a mais numerosa entre as comunidades católicas locais, com cerca de 200 mil fiéis, sob a jurisdição do Patriarcado de Alexandria dos Coptas, que tem sede no Cairo - sendo atualmente guiada por Dom Ibrahim Isaac Sidrack - e comprendendo sete Eparquias: Alexandria, Assiut-Lycopolis; Giza (atualmente vacante); Ismayliab; Luxor-Tebe; Minya e Sohag.

Os coptas católicos compartilham com os coptas-ortodoxos a Liturgia alexandrina e a possibilidade para os homens casados o acesso ao sacerdócio (não ao episcopado), mas diferem dela pela teologia cristológica e pelo papel atribuído ao Bispo de Roma.

O rito copta

O rito copta é um rito de língua grega nascido no Egito, e mais especialmente em Alexandria, sendo traduzido para a língua copta, após o Concílio de Calcedônia, tornando-se a Liturgia própria dos coptas.

O rito dos fiéis, que permaneceu ortodoxo após o grande Cisma de 1054, sofreu influência bizantina. É seguido hoje pelos fiéis copta-católicos e copta-ortodoxos.

A língua usada pela Liturgia alexandrina era inicialmente o grego, sendo substituída mais tarde pela língua copta (derivada da última fase da língua faraônica do século II).

Com a invasão islâmica de 641, a sociedade sofreu uma progressiva “arabização”. No século XIII, não se escreveu mais nada em língua copta e no século XVII o copta desapareceu da vida ordinária do país. Também na Liturgia, a o desfecho é idêntico: hoje os textos litúrgicos apresentam um texto bilíngue copta e árabe, com uma prevalência do árabe.

Ano Litúrgico

O Ano Litúrgico copta é calculado segundo a “Era dos mártires”, ou seja, a partir de 290 d.C., data do início do império de Diocleciano, grande perseguidor dos cristãos.

As três Estações do Ano Litúrgico dependem, como todo o ritmo das vida agrícola do Egito, da inundação do Vale do Nilo.

Na liturgia copta, existem orações próprias para estas Estações: pela cheia do Nilo, pela fertilidade do solo, pelas colheitas: a inundação (123 ou 124 dias), de 19 de junho a 19 de outubro; a semeadura (91 dias), de 20 de outubro a 18 de janeiro; a atmosfera, tempo da colheita (151 dias), de 19 janeiro a 18 de junho.

Por fim, o jejum ocupa na Igreja Copta um lugar de honra. Os fiéis jejuam do alvorecer ao pôr-do-sol, 210 dias ao ano, abstendo-se de ingerir produtos animais (carne, laticínios, peixe) e líquidos.








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