A paz: enigma difícil a desvendar

Cairo (RV) – “Ahlan wa sahlan Baba Francis”: com essas palavras os egípcios dão as boas-vindas ao Papa Francisco. No Cairo, a segurança foi altamente reforçada, com o trânsito desviado ou até mesmo interrompido no trajeto que o Pontífice fará neste primeiro dia de visita. Mesmo assim, o caos habitual está menos intenso, pois sexta-feira é o dia de oração para os muçulmanos. Há detectores de metal nos hoteis mais importantes e em todas as igrejas cristãs, com a entrada delimitada por cercas e agentes do exército.

“A expecativa é grande porque os egípcios veem o Papa Francisco não somente como uma referência religiosa, mas como um líder mundial, um líder de paz”, declarou à Rádio Vaticano o Pe. Alberto Sánchez, mexicano comboniano que há oito anos vive no Cairo.

O primeiro compromisso de Francisco será na Universidade de Al-Azhar, onde participará da Conferência sobre a Paz inaugurada na quinta-feira (27/04) pelo Grão Imame Ahmad Al-Tayeb. O xeque, reitor da Universidade, inaugurou a Conferência exortando a comunidade internacional a se aliar para derrotar o terrorismo, seja no que diz respeito à ideologia, seja à segurança, sem deformar a imagem do Islã. “Apesar de tudo o que foi dito sobre o tema da paz, parece que ainda há necessidade de pesquisas e análises como se fosse un enigma difícil a desvendar”, disse o Grande Imã.

Ele acrescentou que a declaração de guerra no Islã é tolerável somente em caso de injustiça e este ato de defesa também é válido para igrejas e sinagogas.

“A guerra no Islã é defensiva e não ofensiva”, afirmou. Al-Tayeb reiterou que o terrorismo não está ligado à religião e os fanáticos que cometem atos atrozes terroristas violam a sharia islâmica e as tradições humanas. “Esses criminosos não representam o Islã nem deveriam atuar em seu nome.”

O Grande Imã tomará novamente a palavra na presença do Papa Francisco, que por sua vez também fará um discurso.

Do Cairo para a Rádio Vaticano, Bianca Fraccalvieri