Editorial: ‘Amoris laetitia’, redescobrir o amor


Cidade do Vaticano (RV) - A ‘Amoris laetitia’, Exortação apostólica do Papa Francisco sobre o amor na família, completou nesta semana um ano de publicação. O texto traz a data de 19 de março de 2016 – solenidade de São José –, mas só foi publicado no dia 8 de abril sucessivo. A Exortação foi escrita pelo Papa Francisco na conclusão do percurso sinodal dedicado à pastoral familiar.

Assim o Papa Francisco, na conclusão do Sínodo, colocou na mão dos bispos e dos fiéis um documento que convida a redescobrir toda a riqueza da mensagem cristã sobre a família, uma riqueza que permanece apesar de todas as dificuldades e que mobiliza e convida todas as dimensões pastorais da Igreja a abrir a sua atenção, a olhar com olhos novos para esta realidade, a não parar sobre os aspectos negativos, mas buscar propor, de modo positivo, um atenção nova, mais organizada, mais meditada, mais inclusiva.

No texto, que completa um ano de publicação, podemos evidenciar alguns verbos que indicam a mudança de passo, de ritmo para a comunidade eclesial: acolher, acompanhar, discernir, integrar. Uma mudança de passo que é caracterizada pelo moto de Francisco, “uma Igreja em saída”, ou seja, ir ao encontro dessas novas situações. O Papa deseja chegar a todos, e a sua mensagem não privilegia somente alguns destinatários; eis, portanto, o convite a sair.

Certamente para poder ler essas novas realidades, as novas situações, é necessário que toda a comunidade cristã se mobilize em um esforço de formação, de envolvimento de todos, dos leigos com suas competências específicas, de relançamento da sensibilidade e da espiritualidade familiar, que busque suas fontes na Sagrada Escritura – como indica Francisco – e da rica tradição da Igreja.

Se lermos com atenção essa Exortação do Papa notamos que é uma mensagem de esperança da qual todos nós devemos nos tornar sempre mais capazes de sermos portadores, porque homens e mulheres do nosso tempo aguardam o renovado anúncio do mistério do amor cristão que se celebra em família e se conjuga depois nas diversas situações histórias e sociais de cada família.

Após sua publicação, muitos aspectos do texto quase ficaram de fora centralizando a atenção somente na questão da Comunhão dos divorciados recasados. Sem subestimar o que a opinião pública enfatizou, seria necessário, neste sentido, ter um olhar mais amplo, um horizonte mais amplo. Um texto tão denso como ‘Amoris laetitia’ tem necessidade de ser acolhido na sua integralidade, na sua totalidade e as temáticas, relativas, sobretudo, à práxis sacramental que parecem ter atraído, maiormente, a atenção, certamente deverão ser contextualizadas em uma visão global. A práxis sacramental é enfrentada na ‘Amoris laetitia’, não no sentido de uma banalização, mas ao contrário, de uma exigente atenção a tudo o que hoje se faz para evitar aqueles “esquemas” que parecem privilegiar alguns e excluir outros.

No âmbito pastoral, certamente ‘Amoris laetitia’, se lermos com atenção irá se revelar sempre mais um mapa, uma bússola da qual teremos sempre mais necessidade para ir ao encontro de uma sociedade ferida e necessitada de ajuda.

Passado um ano da Exortação apostólica do Papa Francisco, ‘Amoris laetitia’ continua sendo um convite a olhar o matrimônio, a família, com o olhar da sua beleza, da sua cotidianidade, mesmo diante das dificuldades apresentadas pelo mundo de hoje, seja de natureza econômica, seja de relacionamento. Um convite a uma maior qualidade das relações que está sempre ligada à riqueza do perdão recíproco, a um recomeçar sempre, mesmo diante dos erros. A Igreja da ‘Amoris laetitia’ é uma Igreja que deve redescobrir o amor na sua profundidade. A ‘Amoris laetitia’ indica a beleza e a força da família, a sua capacidade de resposta às expectativas presentes no coração do homem de hoje. (Silvonei José)

 








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