Santo Egídio: Papa unido aos coptas e aos novos mártires


Cidade do Vaticano (RV) - É grande a expectativa pela celebração da Liturgia da Palavra que o Papa presidirá este sábado, 22 de abril, na Basílica de São Bartolomeu, em Roma, em memória dos novos mártires dos séculos XX e XXI.

Francisco acolheu com alegria o convite da Comunidade de Santo Egídio em um momento - como nos recordam os trágicos ataques contra duas igrejas coptas no Domingo de Ramos - em que os cristãos são perseguidos e mortos em tantas partes do mundo, por ódio à fé. Neste contexto, a Rádio Vaticano conversou com o Prof. Marco Impagliazzo, Presidente da Comunidade de Santo Egídio:

"A Comunidade convidou o Papa para recordar os novos mártires em São Bartolomeu, na Ilha Tiberina, porque este é um memorial de toda a Igreja de Roma desejado por São João Paulo II depois do Jubileu do ano 2000. Também porque o Papa Bergoglio sempre rezou com Santo Egídio pelos novos mártires, desde que era Arcebispo de Buenos Aires, em uma celebração que a cada ano a Comunidade realiza durante a Semana Santa para recordar destes nossos irmãos e irmãs que durante o ano deram a vida pelo Evangelho. E assim o Papa acolheu com grande alegria este convite, mesmo porque, são tempos de novos mártires".

RV: O convite e a decisão do Santo Padre de estar presente no dia 22 é anterior à tragédia dos coptas no Egito, ocorrida há poucos dias. Isto, porém, torna ainda mais forte e significativa a mensagem que o Papa Francisco dará em São Bartolomeu....

"Certamente. Infelizmente o que aconteceu no Domingo de Ramos a estes fiéis coptas - pessoas humildes que nunca, em toda a sua história, usaram a violência contra ninguém - é algo que abalou o mundo inteiro, todas as comunidades cristãs. E a presença do Papa, e a recordação que se fará também nesta ocasião do sacrifício deles, assume todo um valor muito particular. Gostaria também de recordar que no ano passado foi morto um sacerdote francês, que foi degolado, o primeiro mártir do fundamentalismo islâmico na Europa, Padre Jacques Hamel. E estará presente a sua irmã, para recordá-lo na celebração em São Bartolomeu, diante do Santo Padre. Se lançará um olhar para tantas situações:  todo o mundo estará ali presente, porque existem mártires cristãos em todos os continentes".

RV: Também é interessante, que esta celebração realiza-se a menos de uma semana da viagem do Papa Francisco ao Egito...

"É uma visita importantíssima, também porque é um passo em frente na amizade entre os cristãos - naquele que vem definido como "ecumenismo de sangue": no sangue, já estamos unidos. Mas permanece sempre o escândalo de Igrejas divididas, que ainda não cumpriram o desejo do Senhor de que todos sejam um. Eu acredito que o impulso que o Papa está dando à unidade entre as Igrejas é muito significativo: uma unidade feita de amizade, de solidariedade, de visitas e de encontros. É feita também de uma unidade na caridade, porque na caridade, já estamos unidos".

RV:  Quando se fala de "Comunidade de Santo Egídio", fala-se também de diálogo inter-religioso. Neste sentido, esta iniciativa, mesmo recordando os mártires de nosso tempo,  tem por objetivo unir, reconciliar....

"Nunca vimos o martírio como uma reivindicação ou como uma maneira para ir contra o outro. O próprio testemunho dos últimos, entre eles os nossos irmãos coptas, comprova isto: os coptas nunca fizeram cruzadas. Hoje os cristãos vivem a sua fé na brandura, na humildade, e esta deve ser também a resposta a quem gostaria, pelo contrário, de usar o nome de Deus para justificar a violência, para provocar violência. Na última semana recordamos o sacrifício do Senhor na Cruz, isto é, Deus que morre pelos homens, que não pede aos homens para morrer por Ele. Esta é a grande mensagem que vem desta Páscoa. Portanto, a visita do Papa a São Bartolomeu, será uma reafirmação de qual é realmente o coração da mensagem da Semana Santa: o Senhor que morre por nós e que não pede a nós para morrermos por Ele". (AG/JE)

 

 








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