Card. Schönborn sobre Bento XVI: um homem livre, amigo de Jesus


Cidade do Vaticano (RV) - "O Papa Ratzinger é um homem de uma extraordinária e belíssima inteligência. A sua força, porém, não é somente esta, mas a simples e humilde amizade com Jesus, que transpira em cada escrito e nas suas muitas homilias", afirma o Arcebispo de Viena, Cardeal Christoph Schönborn, na entrevista concedido à TV 2000, transmitida este domingo.

A emissora dos bispos italiano, de fato, preparou uma programação especial para homenagear Bento XVI na celebração de seus 90 anos. Às 12h20min deste  domingo, foi ao ar o documentário "A testemunha. De Bento a Francisco, a passagem do ministério petrino", com imagens e palavras da transição entre o 265º e o 266º sucessor de Pedro e a relação que nascida entre os dois.

Já às 12h50min, foi ao ar o filme-documentário "O rosto de Cristo", dedicado à extraordinária trilogia "Jesus de Nazaré", escrita por Bento XVI.

E amanhã, segunda-feira, às 17 horas, será apresentado o especial "O Diário do Papa Francisco”, que contará, entre outros, com a participação do Padre Federico Lombardi, Presidente da Fundação Joseph Ratzinger - Bento XVI.

"A amizade de Ratzinger com Jesus - prosseguiu o Cardeal austríaco - deu a ele liberdade. É, de fato, um homem muito livre que não pode ser classificado como conservador ou progressista".

Renúncia

"O Papa emérito é o Papa emérito. E o Papa reinante é o Papa Francisco, reitera o Cardeal Schönborn. Ratzinger nunca questionou isto, mesmo que possa ser discutida a forma em como é vivida esta situação. Algumas pessoas, no dia sucessivo à renúncia, sustentaram que Bento XVI deveria retornar com o status de Cardeal. Não compartilho desta opinião, porque se o Bispo de Roma renuncia, permanece como Bispo emérito de Roma. E o Bispo de Roma é o Papa".

O Cardeal austríaco classificou como "ridículas" as hipóteses de que Bento XVI tenha se demitido pela pressão de lobbys internacionais e da Cúria: "Ratzinger é um homem muito livre, também nas suas decisões. Amadureceu a decisão na oração. Talvez tenha se aconselhado com alguém, mas certamente não se demitiu por pressões externas".

Neste sentido, podemos recordar as palavras de Bento XVI ao seu biógrafo Peter Seewald: "Hoje eu vejo que era a coisa certa a ser feita", "foi algo sobre a qual refleti muito e também conversei muito com o Senhor". Por esta razão, na "declaratio" com que renunciou ao Pontificado, ressaltou que agia livremente. “Não se pode sair se é uma fuga. Não é preciso ceder às pressões. Pode-se sair somente se ninguém o pretende, e no meu caso, ninguém pretendeu", afirmou.

A amizade

Entre o Arcebispo de Viena e Bento XVI sempre existiu uma ligação muito forte, iniciada em 1972, quando Schönborn era ainda um sacerdote doutorando e aluno do Professor Ratzinger na Universidade em Regensburg.

Na entrevista que foi ao ar este domingo, o purpurado também falou de uma lembrança especial: "Recordo muito comovido, e hoje posso contar. O Cardeal Ratzinger teve um ictus em setembro de 1991. Não foi um ictus grave, recuperou-se rapidamente. Mas por causa disto não conseguiu estar presente na minha ordenação episcopal, porque estava no hospital. Então, me escreveu uma belíssima carta" e "cerca de um mês mais tarde, a sua querida irmã Mari, que estava sempre com ele, fidelíssima, humilde, inteligente, santa, teve um ictus terrível enquanto estava diante do túmulo dos pais. Morreu no mesmo dia. Estávamos muito comovidos porque não sabíamos como Ratzinger reagiria à morte da irmã. No dia após o Conclave, quando o nosso querido professor e amigo entrou na sala para a refeição na Santa Marta, vestido de branco, nos saudou a todos e eu disse a ele: "Santo Padre, ontem durante a sua eleição pensei muito em sua irmã Maria e me perguntei se a sua irmã não pediu ao Senhor para levar a sua vida e deixar a de seu irmão". E ele respondeu: "Penso que sim". Este foi o momento mais comovente de todos os nosso encontros". (JE)








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