Custódio da Terra Santa: Oriente Médio tem necessidade de ressurreição


Jerusalém (RV) - Milhares de fiéis de todas as partes do mundo escolheram passar a Semana Santa, em particular o Domingo de Páscoa, na Terra Santa.

Em 2017, a data de 16 de abril será a mesma para as Igrejas do Oriente e do Ocidente, ou seja, os cristãos celebrarão a Páscoa no mesmo dia, uma feliz coincidência que irá conferir à data um especial caráter ecumênico. Somente em 2025 haverá esta coincidência entre os Calendários Juliano e Gregoriano.

O domingo 16 de abril também será recordado como a primeira Páscoa celebrada após a histórica restauração da Edícula do Santo Sepulcro, que reuniu os esforços conjuntos da Igreja Greco-ortodoxa, Católica (com a Custódia da Terra Santa) e Armênia.

"Estamos felizes pela restauração, que era muito urgente, realizada em concordância e harmonia. Foi a ocasião para um diálogo frequente entre as diversas comunidades que administram a Basílica do Santo Sepulcro e um momento de crescimento nas relações amigáveis e fraternas", afirmou o Custódio da Terra Santa, Padre Francesco Patton.

"Depois de dois séculos conseguimos fazer a restauração. E encontrar-se unidos ao redor do Sepulcro de Jesus - acrescenta - é ainda mais significativo à luz da Páscoa comum para as Igrejas do Oriente e do Ocidente".

Padre Patton foi eleito o novo Custódio da Terra Santa - em substituição ao Arcebispo Pierbattista Pizzabala - em 20 de maio de 2016.

Em entrevista à Agência Sir, o religioso francisco comentou a proposta do Patriarca armênio Nourhan Manougian - lançada durante seu discurso na inauguração da Edícula -  de que também os anglicanos e luteranos possam celebrar no local.

"Nós todos fazemos votos de que o Santo Sepulcro seja um local compartilhado - explicou. Naturalmente com regras e termos bem claros, de modo que seja um direito de uso disciplinado e que isto não crie problemas de relacionamento entre as Igrejas (...). Temos uma tradição de diálogo e de encontro baseada em textos e declarações compartilhadas sobre temas significativos para esta Terra. Sabemos ser minoria - todos os cristãos juntos chegam a 2% - por isto devemos estar unidos".

Este tempo forte também é um momento para que todas as comunidades cristãs, especialmente na Síria e no Iraque, mas em todo o Oriente Médio - que sofrem pela guerra e perseguições - rezem pela paz e por tempos melhores.

"A Via Sacra destes nossos irmãos cristãos - observou Padre Patton - infelizmente tem ainda muitas estações a serem percorridas. Queremos rezar para que este sofrimento deles possa chegar a alguma forma de Ressurreição. O Oriente Médio tem necessidade de uma Ressurreição, também e sobretudo da presença cristã. Falo, em particular, dos países ao nosso redor, a Síria, o Iraque, onde o cristianismo nasceu".

"É necessária uma experiência pascal para estes irmãos que foram dizimados e que, não obstante tudo, nesta sua Via Sacra, nos dão um testemunho extraordinário do que significa permanecer fiel a Cristo. Abandonaram suas terras, suas casas e isto comporta também um empobrecimento cultural, religioso e de humanidade", disse o Custódio.

A esperança cristã é aquela que sabe ir além das tragédias do momento para ver os sinais da ação de Deus que prevalece e prevalecerá. Neste sentido, o religioso franciscano recorda que "Jesus não ressuscitou em um contexto de paz, mas em um momento em que um pequeno país, Israel, era ocupado pela superpotência de turno, o Império Romano. A Ressurreição aconteceu em um momento em que, poucos anos depois, esta terra viu uma tragédia terrível: a destruição de Jerusalém do ano 70".

Assim, "a Ressurreição é o que nos garante que o projeto de Deus chega ao seu termo em meio a situações que parecem aparentemente negá-lo e impedi-lo. Jesus ressuscitado nos recorda que a morte já foi vencida e todos aqueles que ficam do lado da morte já estão derrotados. Esta é a esperança cristã".

Por fim, o Padre Francesco Patton afirmou ser difícil estimar o número de peregrinos que estarão na Terra Santa para a Páscoa, mas disse esperar "um elevado número de cristãos coptas do Egito e cristãos etíopes". "Existem longas filas no Sepulcro. Posso confirmar uma retomada nas peregrinações (...). O Sepulcro, é o lugar da Páscoa!", concluiu.

(JE/SIR)

 

 








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