Pe Samir: viagem do Papa ao Egito irá melhorar as relações com os muçulmanos


Cidade do Vaticano (RV) - "A visita do Papa ao Egito irá melhorar as relações com os muçulmanos, mas sobretudo a situação dos cristãos. Apresentará uma imagem positiva dos cristãos. Penso que em um certo sentido, ajudará também a imagem do governo".

Esta é a análise do Padre Samir Khalil sobre a visita do Papa Francisco ao país norte-africano. O jesuíta é o fundador do Centro de Documentação e Pesquisa árabe-cristã em Beirute (CEDRAC), nasceu e cresceu no Egito e dedica a sua vida aos estudos nesta área, ensinando na universidade e escrevendo livros sobre o tema.

Na entrevista ao "Il Messaggero", o sacerdote inicia fazendo uma avalliação do governo do general Al Sisi, que "não é pior do que os governos precedentes", com o detalhe de que ele "realmente quer apoiar os cristãos como cidadãos", que tenham os mesmos direitos que todos os outros habitantes do país.

"Na região,  grupos fanáticos ou mesmo a Irmandade Muçulmana - explica Padre Samir  - fomentam o ódio e a revolta em todo o país e nas igrejas. Eles consideram os cristãos como cidadãos de série B, consideram até mesmo que deveriam pagar uma taxa, a jizya".

Perguntado se defendia al Sisi, o jesuíta respondeu considerando que "todos os líderes no Oriente Médio são mais ou menos ditadores. Assad é pintado como um monstro. Mas, o que pensar então da Arábia Saudita que coloca na cadeia até mesmo um blogger? Ou daquilo que acontece nas sextas-feiras, dia de apedrejamento de mulheres acusadas de adultério? O mesmo acontece no Irã. Al Sisi - observa - é um muçulmano praticante e leva em frente uma sociedade em que o Islã e a política representam campos bem distintos".

Para exemplificar, cita que no "novo Cairo que está nascendo, a 10 km da cidade, há duas semanas Sisi decidiu construir lado a lado a maior igreja copta e a maior mesquita do Egito. Sisi - explica o sacerdote - tenta colocar a laicidade no centro, como Nasser. Neste sentido pensamos que seja melhor do que os outros".

Padre Samir observa que "a grande maioria dos muçulmanos, em todo o mundo, não aprova o Isis e a sua ideologia radical. Quem está por trás do Estado Islâmico?, pergunta. Estão Catar e Arábia Saudita, que financiam com dinheiro e armas. Grande parte das armas, do tráfico de armas para estas realidades radicais é proveniente de fabricantes dos Estados Unidos, e depois a Alemanha, França, Itália e Inglaterra. O dinheiro não tem cheiro, costuma se dizer! Que pena que, pelo contrário, tenham um forte cheiro as bombas".

(JE / Il Messaggero)

 








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