Vigília JMJ: Papa, jovens serão protagonistas do Sínodo


Cidade do Vaticano (RV) - “A Igreja quer ouvir todos os jovens, nenhum deles está excluído.” Foi o que disse o Papa Francisco na vigília de oração, neste sábado (08/04), na Basílica de Santa Maria Maior, por ocasião da 32ª Jornada Mundial da Juventude celebrada, no Domingo de Ramos (09/04), em todas as dioceses do mundo. 

O evento foi também o primeiro momento no caminho de preparação da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro de 2018 sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, e da 34ª Jornada Mundial da Juventude que se realizará no Panamá, em 2019. 

Durante o encontro houve um série de testemunhos de jovens de várias partes do mundo. Uma vigília de oração sob o olhar de Maria Salus Populi Romani, “realização concreta do projeto de Deus”. “Na mais antiga casa de Nossa Senhora na cidade de Roma e no Ocidente”, os jovens de Roma e da Região do Lácio rezaram juntos, ofereceram seus testemunhos e espiritualmente unidos a todos os jovens do mundo, iniciaram o caminho que os levará à JMJ do Panamá, em 2019.

Testemunhos de dois jovens

O Papa ouviu o testemunho de Maria Lisa uma jovem religiosa italiana da Puglia que sublinhou a alegria de ser consagrada, de viver a sua vida plenamente para o Senhor, não obstante as dúvidas iniciais, as quedas e as dificuldades. A religiosa falou, em particular, sobre os meninos de rua aos quais se dedica hoje. 

“Todos nós podemos sonhar e estamos unidos por uma única coisa: a necessidade de amar e ser amados. A única lei que conta é a do amor. Agradeço ao Senhor, pois com esses filhos e irmãos posso experimentar tudo isso”, disse ela.
 
O Papa ouviu com atenção o testemunho de Pompeu, jovem que quando criança viveu a experiência trágica do desabamento da escola em São Juliano, na Puglia, por causa do terremoto. Uma tragédia que o colocou na cadeira de rodas e não obstante uma doença terrível que surgiu ao longo dos anos, não se dá por vencido:

“Aquele sofrimento, aquela cadeira de rodas, me ensinaram a ver a beleza nas pequenas coisas e me recordam a cada dia o privilégio que tenho. A cada dia me ensinam novamente a superar momentos de desconforto e a agradecer a Deus por aquilo que tenho: minha família, meus amigos e também a paixão pela natação, graças à qual me tornei campeão italiano de natação. Tenho um sonho: participar das Paraolimpíadas. O desabamento da escola mudou a minha vida e a de muitas pessoas em São Juliano. Daquele dia em diante não tenho mais medo do futuro e do que a vida me reserva.” 

Sínodo, nenhum jovem deve se sentir excluído

Emocionado com os dois testemunhos, o Papa Francisco deixou o discurso preparado de lado e falou espontaneamente, acentuando a importância do próximo Sínodo sobre os jovens que se encontra entre o caminho da JMJ de Cracóvia e a do Panamá:
 
“De Cracóvia ao Panamá, mas no meio está o Sínodo. Um Sínodo ao qual nenhum jovem deve se sentir excluído. Façamos um Sínodo para os jovens católicos, mas também para os jovens que pertencem às associações católicas. Assim é mais forte. Não. O Sínodo é o Sínodo para e de todos os jovens! Os jovens são os protagonistas. Mas também os jovens que se sentem agnósticos? Sim! Também os jovens que têm uma fé morna? Sim! Também os jovens que estão distantes da Igreja? Sim! Também os jovens que se sentem ateus? Sim! Este é o Sínodo dos jovens e todos nós queremos ouvi-los. Cada jovem tem algo a dizer aos outros, tem algo para dar aos adultos, aos sacerdotes, religiosas, bispos e ao Papa. Precisamos ouvi-los.”

Muitos jovens se sentem descartados

O Papa reconheceu que hoje muitos jovens têm grandes dificuldades em suas vidas. Jovens que não conseguem “se colocar a caminho” porque “muitas vezes são descartados” da sociedade:
 
“Não têm trabalho, não têm um ideal para seguir. Falta educação e integração. Muitos jovens devem fugir, migrar para outras terras. Os jovens, hoje, é duro dizer isso, são muitas vezes material descartável. Não podemos tolerar isso e devemos fazer este Sínodo para dizer: nós, jovens, estamos aqui, e iremos ao Panamá para dizer: nós jovens estamos aqui, a caminho! Não queremos ser material de descarte! Temos um valor para dar. Pensei, enquanto Pompeu falava: por duas vezes ele esteve no limite de ser um material descartável. Aos 8 e aos 18 anos. Mas conseguiu, venceu.”
 
Tarefa para os jovens: conversar com os idosos

Depois de reiterar a importância do Sínodo e da JMJ no Panamá, ambos sob o signo de Maria, o Papa deu uma tarefa especial aos jovens de hoje, “conversar com os avós”: 

“Esta é a tarefa que eu dou a vocês em nome da Igreja: conversar com os idosos. É algo enjoado, pois eles dizem sempre a mesma coisa! Não. Ouçam os idosos. Conversem. Façam perguntas. Façam com que eles sonhem. Depois, peguem aqueles sonhos e sigam em frente para profetizar e tornar concreta aquela profecia. Esta é a sua missão hoje. Esta é a missão que a Igreja lhes dá hoje.”

O Papa concluiu a homilia alargando os horizontes até o Panamá, onde serão protagonistas não somente os jovens, mas também os idosos em diálogo com eles:
 
“Não sei se estarei lá, mas o Papa estará. O Papa, no Panamá, lhes perguntará: vocês conversaram com os idosos? Vocês pegaram os sonhos dos idosos e os transformaram em profecia concreta? Esta é a tarefa de vocês. Que o Senhor os abençoe. Rezem por mim, e nos preparemos juntos para o Sínodo e para o Panamá.”

Testemunho de um jovem afegão que fugiu da guerra

No encontro que precedeu a vigília de oração, foi particularmente tocante o testemunho de Dawood, um jovem afegão que deixou sua pátria por causa dos conflitos e foi acolhido na Itália, depois de uma longa e perigosa viagem. Um jovem que sofreu por causa da guerra: 

“Completei os meus 18 anos na rua, na Estação Ostiense. Conheci a Comunidade de Santo Egídio que me acolheu e me ensinou a viver. Iniciei uma nova vida e um novo futuro. Hoje, trabalho como assistente educacional cultural numa escola primária com alunos portadores de deficiência e procuro falar, dialogar e trabalhar pela paz. Sonho a paz em meu país e para muitos que ainda sofrem por causa da guerra. O meu pensamento se estende também ao povo sírio.”

Durante a celebração, que contou com momentos simbólicos de entronização da Cruz da JMJ e da oferta de flores ao ícone de Maria Salus Populi Romani, rezou-se por todos os jovens que sofrem para que a dor não os leve “ao desespero”, mas os “abra para a consciência” de que Deus está sempre com eles.
 
Sínodo reforce na Igreja a atenção aos jovens

Rezou-se também pelos pais e os educadores para que “sejam responsáveis pela educação humana e cristã de seus filhos, com generosidade e entusiasmo”. Um pensamento especial, enfim, ao Sínodo para que “reforce em todos a atenção aos jovens, presente e futuro da Igreja e da sociedade”. 

Na homilia da missa celebrada, neste domingo, na Praça São Pedro, e a seguir, no Angelus, o Papa Francisco assinalou a passagem de testemunho da Cruz das Jornadas Mundiais dos jovens de Cracóvia aos jovens do Panamá, cuja edição internacional a 34ª Jornada Mundial da Juventude se realizará de 22 a 27 de janeiro de 2019. 

(MJ)

 








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