Egito-Islã: Al Azhar e os direitos dos cristãos no mundo islâmico


Cairo (RV) - O reconhecimento da plena igualdade dos direitos a todo cidadão, independentemente da fé à qual pertença, foi certamente uma das mais corajosas e sugestivas propostas lançadas no Congresso realizado no mês passado pela universidade sunita de Al-Azhar do Cairo, no Egito, realizado no mês passado.

Laicidade do Estado e igualdade de direitos

Personalidades do mundo acadêmico, político e cultural islâmico e cristão que debateram e refletiram juntos por iniciativa do Grão-Imame Ahmed el-Tayyib levantaram com coragem dois temas que criaram desconforto no mundo político e institucional árabe e islâmico: a laicidade do Estado e a plena igualdade dos direitos das pessoas com base no status de cidadania.

Mais que importantes para o desenvolvimento de uma cultura de paz e recíproco respeito das pessoas humanas, esses temas não poderão deixar de ser objeto de ulterior desenvolvimento, inclusive à luz da iminente viagem do Papa Francisco ao Egito, nos dias 28 e 29 de abril, ocasião na qual visitará também Al Azhar.

Segundo os tratados e os acordos das principais organizações internacionais, Onu em primeiro lugar, a correta aplicação do status de cidadania pressupõe que todo cidadão, pelo simples fato de pertencer a um determinado Estado, não possa ser objeto de discriminação no gozo de seus direitos por motivos de religião, étnicos, linguísticos e assim por diante.

Cidadania: liberdade de pensamento e de consciência

O princípio de cidadania é, portanto, baseado no respeito pela liberdade de pensamento e de consciência, da qual a religião é uma das manifestações fundamentais, como recordou o Patriarca maronita do Líbano, Cardeal Béchara Boutros Raï, em pronunciamento no Congresso egípcio.

Se olharmos para o quadro político normativo que define o status de cidadania nas Constituições do mundo árabe e islâmico, veremos que existem muitas discriminações à liberdade de pensamento e de religião, que levam a definir as profissões de fé diferentes do Islã como minorias, ou seja, “várias” comunidades que não têm direito à paridade de tratamento, que são reconhecidas segundo um estado de “dhimmitudine” (discriminação aos não-islâmicos por parte de muçulmanos, ndr), portanto, às quais o máximo que se pode fazer é tolerar.

Igualdade de dignidade entre religiões

O próprio Patriarca maronita afirmou que o termo “minoria religiosa” deveria desaparecer e ser substituído pelo reconhecimento da igual dignidade entre as religiões.

A concepção da cidadania nas Constituições dos Estados árabes está expressamente ligada à religião islâmica em que qualificam a própria identidade nacional. Isso comporta que, sendo considerados minoria, são impostos aos cristãos restrições, limites e tratamento diferente em relação aos direitos fundamentais. (AsiaNews / RL)








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