Card. Tagle: 'Populorum Progressio' e 'Evangelii Gaudium' tem o mesmo espírito


Florença (RV) – “Sim ao desafio de uma espiritualidade missionária” foi o tema da conferência proferida pelo Cardeal Luis Antonio  Tagle  em Florença, na quinta-feira, 30 de março, no âmbito de uma série de encontros sobre a Evangelii Gaudium.

A este respeito, a Rádio Vaticano entrevistou o Arcebispo de Manila e Presidente da Caritas Internationalis:

“Nós associamos a Exortação Apostólica Evangelii gaudium à famosa afirmação do Papa Francisco, a “Igreja em saída rumo às periferias”. Descobri, porém, relendo a Exortação Apostólica, que a missão não é somente uma tarefa, é uma espiritualidade! Sem esta espiritualidade não existe uma “Igreja em saída”, missionária. Segundo o Papa Francisco, a espiritualidade missionária é a abertura ao Espírito Santo, o discernimento da vontade do Espírito Santo, da ação do Espírito Santo e a Igreja obedece ao Espírito Santo, faz somente o que o Espírito Santo sugere! Portanto, a missão não é somente um trabalho, uma tarefa, mas é também contemplação, o estupor diante do Evangelho. A missão não é somente dar, dar tudo, mas é também receber tudo. Porém, no centro está o encontro com a pessoa de Jesus Cristo e também a abertura aos outros, aos pobres, nestes encontros pessoais. Se não existem estes encontros, não existe a conversão e sem conversão não existe missão”.

RV: Esta “Igreja missionária em saída”... o Papa Francisco disse tantas vezes – também o senhor dizia isto – deve ir para fora, em direção às periferias. O senhor é o pastor de uma grande Igreja, Manila, mas uma Igreja periférica em relação a Roma. Porque é assim tão importante este Pontificado para a periferia?

“A periferia não é um espaço geográfico, é um espaço humano. A periferia é a zona mais abandonada, a zona dos seres humanos que não se sentem respeitados na dignidade humana, porque é abandonada pela sociedade e também pela cultura. Sair em direção à periferia é um sinal da comunhão, da solidariedade, que afirma a dignidade de toda pessoa humana e para nós cristãos é também um ato de evangelizar, de proclamar que entre os pobres se encontra a presença de Jesus Cristo. Sair em direção à periferia não somente para levar o Evangelho, mas para ver o Evangelho vivido pelos pobres. Os pobres tem uma sabedoria, uma capacidade de entender existencialmente os valores evangélicos. O Evangelho vivido pelos pobres é uma milagre para mim, porque estas pessoas que não têm comida, teto, e educação, sabem amar,  conhecem a verdadeira esperança, sabem partilhar. Este é o Evangelho vivido!”.

RV:  A Igreja missionária, a Igreja em saída que encontra os pobres tem muito a ver com a  visão cristã do desenvolvimento. Estamos precisamente nos dias em que se celebra o 50º aniversário da Populorum progressio, de Paulo VI: qual é a contribuição que o Papa Francisco está dando a esta linha iniciada por Paulo VI?

“Em um encontro, o Papa Francisco disse que Paulo VI é “o verdadeiro reformador”. Existe uma linha contínua. O Papa Paulo VI ensinou na Populorum progressio que o novo nome da paz é o desenvolvimento humano integral: o desenvolvimento de cada homem, de cada mulher e também o desenvolvimento de toda a pessoa, o desenvolvimento de todo o mundo, porque a humanidade é uma grande família. Este é o mesmo espírito da Evangelii gaudium, a responsabilidade pelos outros. Encontrar as outras pessoas não como estrangeiros, mas como irmão, como irmã e ver a presença do Senhor nos outros. Este é um impulso para trabalhar pelo desenvolvimento humano, não somente por motivos econômicos e sociais ou culturais, mas com motivos espirituais, na presença do senhor. Cada pessoa é uma criatura, um dom do Senhor”. (AG/JE)








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