Editorial: A mulher é a harmonia


Cidade do Vaticano (RV) - No último dia 8 de março comemoramos o Dia Mundial da mulher, um dia para refletir sobre o papel e protagonismo da mulher na sociedade de hoje. E podemos então nos perguntar, a que ponto estamos no caminho da história para se valorizar o “gênio feminino”, que tanto chamou a atenção o Papa João Paulo II na Carta Apostólica Mulieris dignitatem? Entretanto, no mundo nesta semana correu um vento de protestos das mulheres, com greves, abstenções do trabalho, fora e dentro casa, manifestações pelas ruas, assembleias, que tornaram o 8 de março pouco celebrativo e festivo.

Mulheres cansadas de serem maltratadas; uma em cada três, ainda é vítima de violências sexuais ou de outro tipo dentro de casa, durante a sua vida, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde. Acontece também que em 2017 Bangladesh aprova uma lei que regula e favoreçe casamentos precoces: mais da metade das noivas tem menos de 18 anos e quase 20 por cento menores de 15 anos. Vãos os protestos da Igreja Católica no país asiático. Não é de admirar que as mulheres caminham para trás nos seus direitos em grande parte do planeta, se apenas 22 por cento dos parlamentares do mundo é mulher. Onde, está, então, o “gênio feminino” mencionado pelo Papa João Paulo II, quase 30 anos atrás?

Respondendo a essa pergunta, a Irmã Marcela Farina, professora de Teologia, disse que o gênio feminino existe, na história, existiu e existe. Somente deve ser reconhecido e valorizado. A mulher tem uma missão histórica, ser mãe dos vivos, a mãe da vida.

Nesta semana tivemos aqui em Roma uma experiência muito bonita envolvendo as mulheres, a 1ª Semana da mulher brasileira em Roma, realizada no Centro Cultural da nossa embaixada. Foi uma iniciativa para colocar a mulher brasileira no coração de uma reflexão que durou 5 dias.

Pudemos ver que a protagonista da nossa comunidade romana, da nossa realidade brasileira aqui em Roma é a mulher. Quase uma importação da realidade que temos no nosso querido Brasil. Os temas tratados aqui foram muitos, abrangentes, delicados, talvez pouco cômodos, mas que nos fizeram viajar por uma estrada ao feminino.

Mas o que ocorreu aqui em Roma? Essa foi uma semana diferente que permitiu sondar os ângulos escondidos de temas que na imprensa passam despercebidos, mas que aqui, através de pessoas qualificadas ganharam a justa importância. Uma semana que permitiu discutir de modo aberto, sincero e profundo questões que dizem respeito à realidade.

Mas que questões foram essas? desde a situação jurídica da mulher ao empreendedorismo feminino, da violência de gênero e doméstica à custódia de filhos em casos de separação, da questão dos estereótipos à preservação do português como língua de herança, e ainda integração em uma cultura hegemônica. Temas de suma importância com os quais nos deparamos todos os dias. Mas pela primeira vez em Roma, mulheres e homens sentaram-se juntos para conversar, debater, aprofundar e idear uma estrada a ser percorrida. Desta vez juntos, não em solitário.

Tudo com a ideia de continuar com ações concretas, apoiadas pelo nosso Consulado em conjunto com a comunidade e lideranças da comunidade brasileira presente em Roma. Um primeiro passo, que certamente contribuirá para uma maior integração da comunidade e das nossas mulheres, que são 75% da presença brasileira.

Com uma ação concreta assim, criam-se canais de comunicação, de conhecimento, de diálogo, seja entre os integrantes da comunidade, seja entre a realidade consular presente em Roma. Essa é uma ponte que todos devemos ajudar a construir. Ligar os membros da comunidade à realidade consular que presta atendimento, que colabora e caminha com a comunidade.

Parafraseando o Papa Francisco que tem uma opinião precisa sobre as mulheres, recordo: as mulheres são mais corajosas que os homens. Uma verdadeira ode à figura feminina.

Uma das suas máximas: para entender uma mulher antes é necessário “sonhá-la”. Sim, é a mulher “que nos ensina a acariciar, a amar com ternura e que faz do mundo uma coisa bela”. Sem a mulher não há harmonia no mundo. E se “explorar as pessoas é um crime de lesa humanidade, explorar uma mulher é mais do que um delito e de um crime: significa destruir a harmonia que Deus quis proporcionar ao mundo”.

Sem a mulher o mundo não seria belo, não seria harmônico. A mulher é a harmonia, é a poesia, é a beleza. O que faríamos nós homens sem vocês? Vocês são portadoras de uma beleza incomensurável.

Os dotes de delicadeza, sensibilidade e ternura peculiares, que enriquecem o espírito feminino, representam não apenas uma força genuína para todos nós, “mas uma realidade sem a qual a vocação humana seria irrealizável”. (Silvonei José)








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