Prepósito dos Jesuítas: muros são desumanos


Cidade do Vaticano (RV) - O Prepósito Geral da Companhia de Jesus, Padre Arturo Sosa Abascal,  advertiu na quarta-feira que "os muros são desumanos" e a intenção dos Estados Unidos de construir um na divisa com o México "apenas cria mais tensão".

"A intenção de fechar-se é inútil, porque existem tantos furos em qualquer muro", afirmou o religioso venezuelano em declaração a jornalistas, à margem de uma conferência sobre o papel das mulheres na construção da paz, realizada no Vaticano.

"O muro é contra os valores dos estadunidenses e dos cristãos. Identificar o islã com o terrorismo é uma loucura", observou o sacerdote ao referir-se à política migratória do Presidente Donald Trump.

O jesuíta também alertou para o "avanço  dos populismos" que escondem "perigos maiores" e o grande risco é o de "voltar aos regimes autoritários, ditatoriais".

Dia Internacional da Mulher

O Prepósito da Companhia de Jesus abriu a quarta edição do evento "Voices of Faith" (Vozes da fé), que reuniu líderes sociais de diversos países na sede da Pontifícia Academia para as Ciências, no coração dos Jardins Vaticanos, justamente no Dia Internacional da Mulher.

Em sua mensagem, o religioso também recordou que a maior parte dos deslocados que se encontram na fronteira entre Colômbia e Venezuela, são mulheres e crianças.

Ele alertou que as mulheres encontram-se entre os seres humanos mais vulneráveis diante da violência. Facilimamente são vítimas da exploração sexual. Muitas fogem em busca de uma "salvação", buscando sustentar suas famílias de longe.

Apesar das dificuldades - recordou Pe. Sosa - elas encontram uma maneira para sobreviver e superar as dificuldades graças a uma resistência que lhes permite seguir em frente, pensar no futuro e "tornar possível o impossível".

"Diante do drama global das migrações, não posso que não sublinhar suficientemente a necessidade de colaboração entre as mulheres e os homens: somente juntos podemos conseguir o que parece impossível: uma humanidade reconciliada e paz entre os irmãos e irmãs", destacou.

Ademais, reconheceu que a plenitude da participação das mulheres na vida da Igreja ainda não chegou.

A inclusão delas na Igreja poderia ser também um modo criativo para promover as mudanças tão necessárias. Pode mudar a imagem, o conceito e a estrutura da Igreja, impelindo-a a ser cada vez mais "povo de Deus".

"O Papa Francisco está dando à voz das mulheres mais possibilidades de serem ouvidas. Neste esforço contra o clericalismo, o elitismo e o sexismo que estão interligados; o Papa procura abrir a Igreja à vozes fora do Vaticano. O oposto do clericalismo é a colaboração", afirmou. (JE)

 

 








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