Dom Ximenes Belo: "Continuar a trabalhar por Timor"


Lisboa (RV) - O bispo Dom Carlos Ximenes Belo, Prêmio Nobel da Paz em 1996 pelo seu engajamento na luta pela independência de Timor-Leste, frisou em Lisboa a necessidade de “continuar a trabalhar” no desenvolvimento daquela nação lusófona.

Sexta-feira, 3 de março, recebendo uma homenagem na Universidade Católica Portuguesa, por iniciativa de várias associações de estudantes da instituição, o bispo emérito de Díli, atualmente residente em Portugal, destacou que “é preciso continuar a programar, a projetar, a unir forças e vontades para construir um Timor-Leste pacífico, progressivo, solidário e justo”.

Apelo à fraternidade e solidariedade com timorenses

O bispo, ex-aluno da UCP, deixou ainda um apelo a todos os portugueses para que continuem a ajudar seus “irmãos timorenses”, sobretudo na erradicação da pobreza em todos os seus aspetos, que é o primeiro sinal da existência de desenvolvimento e de paz.

Depois de 24 anos de ocupação indonésia (1975-1999) e 15 anos de independência (2002-2017), Timor vive um período de “progresso, material, social e cultural”, reconheceu Dom Carlos Ximenes Belo.

“Muitos timorenses usufruíram dos frutos da independência, da satisfação dos seus direitos fundamentais, de um clima de liberdade e democracia, com o florescimento de iniciativas quer públicas quer privadas na construção do país, iniciativas tendentes a fortalecer a economia”, apontou.

Sociedade renovada

O bispo emérito de Díli saudou ainda o fim dos abusos de direitos humanos em grande escala, de conflitos bélicos, deportações, prisões arbitrárias e torturas” que durante anos se abateram sobre o seu povo.

Foi uma época em que nas aldeias e vilas, e na cidade de Díli, “a maioria dos cidadãos era amordaçada por aspirar a liberdade e a dignidade”, e autoridade indonésia tentava “conquistar pela força os corações dos timorenses”. Isto porque não compreendiam que “o cerne do problema era a pessoa humana, sua liberdade e sua dignidade”.

Lembranças de um passado sombrio

“Aos governantes da ocupação faltou o mínimo da psicologia, isto é, ouvir os anseios das pessoas, ajudá-las a realizar-se como pessoas e como povo. Em várias ocasiões ouvi este desabafo dos timorenses, sobretudo os velhinhos das aldeias: somos pobres e analfabetos, podemos comer terra e pedra, mas não queremos que outros venham pisar em nossa cabeça”, recordou Dom Ximenes Belo.

O prelado timorense concluiu seu pronunciamento com um agradecimento ao Comitê do Prémio Nobel, que há 20 anos teve “a ousadia de se colocar ao lado do povo timorense”, e deixou um forte reconhecimento ao Parlamento português, ao Governo português, às Igrejas em Portugal e toda a sociedade portuguesa pelo seu apoio, solidariedade e simpatia”.

Em conclusão, o homenageado desejou que continuem as “boas relações entre Timor-Leste e Portugal”.

(Ecclesia/CM)








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