"Declaração de Al-Azhar" lança princípio de cidadania no mundo islãmico


Il Cairo (RV) – Depois de dois dias de pronunciamentos e debates na Conferência “Liberdade, cidadania, diversidade e integração”- organizada no Cairo pela Universidade de Al-Azhar e pelo Conselho dos Sábios muçulmanos (organismo com sede em Abu Dhabi) - os mais de 600 delegados, provenientes de 50 países, assinaram a “Declaração de recíproca coexistência islâmico-cristã”.

O documento condena o uso da violência em nome da religião e indica no princípio da cidadania, o critério a ser aplicado para garantir a pacífica e frutuosa convivência entre pessoas pertencentes a religiões e comunidades religiosas diferentes.

A expor os conteúdos e fornecer as chaves interpretativas da “Declaração”, foi o próprio Xeique Ahmed al-Tayyeb, Grão Imame de Al-Azhar, que na qualidade de “dono da casa” – em um articulado discurso final – chamou a atenção para a necessidade de aplicar os princípios de cidadania, igualdade e estado de direito para combater discriminações e maus-tratos sofridos pelas minorias.

O Grão Imame rejeitou as práticas sociais e jurídicas que configuram “duplo standard”, discriminando os cidadãos com base na sua maior ou menor pertença ao islã.

Al Tayyeb, no pronunciamento enviado à Agência Fides, também reiterou a incompatibilidade entre o autêntico islã e os atos de perseguição contra os crentes não-muçulmanos, observando, porém, que a defesa das liberdades dos cidadãos é tarefa reservada aos Estados nacionais, e nenhuma entidade religiosa ou de outra natureza deve ter a pretensão de interferir com os legítimos governos nacionais neste terreno.

Precisamente ontem, 1º de março, a Anista Internacional havia apontado o dedo para as autoridades civis egípcias, culpando-as de terem “fracassado” na necessária defesa e proteção dos cristãos coptas no Norte do Sinai, tornando-se vítimas nas últimas semanas de uma sequência de homicídios e violências miradas.

O Grão Imame, na sua declaração final, denunciou novamente as propagandas que tem por objetivo criar no imaginário coletivo a falsa idéia de uma correlação fatal entre islã e terrorismo, admoestando de que a insistência em tal estereótipo, abre caminho para a criminalização de todas as religiões, objetivo perseguido por setores “ultra modernistas”, que defendem o fim de todas as pertenças religiosas, como medida necessária para garantir a estabilidade das sociedades consideradas “avançadas”.

(je/fides)


 








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