Bispo de Yei, Sudão do Sul: "Rezamos para que o Papa venha!"


Juba (RV) -  As palavras do Papa Francisco pronunciadas na Igreja anglicana de Todos os Santos em Roma (26/2), sobre uma possível visita ao Sudão do Sul, tiveram ampla repercussão no país martirizado pela guerra civil e onde cerca de 100 mil pessoas passam fome.

Na realidade, foram três os bispos sudaneses – um anglicano, um presbiteriano e um católico – a fazer o convite a Francisco para visitar o país, mesmo que por um dia, acompanhado pelo Arcebispo de Cantuária, Justin Welby. Foi o próprio Papa a revelar o convite e a falar da possível viagem, ainda em estudo. Mas, sobre as repercussões às palavras do Pontífice, ouçamos o Bispo de Yei, Sudão do Sul, Dom Erkolano Lodu Tombe:

“Estou entusiasmado e feliz em ouvir que o Papa poderia vir ao Sudão do Sul! O Santo Padre não prometeu: espera isto. Por esta razão as pessoas disseram: rezemos pela vinda do Santo Padre ao Sudão do Sul. A sua vinda teria um grande significado para a nossa fé e para a nossa vida, até mesmo para os não-cristãos, para toda a população do Sudão do Sul”.

RV: Após decênios de sangrento conflito, o Sudão do Sul, cristão ou animista, conseguiu sua independência em 2011 do norte árabe e islâmico. Porém, logo após, em 2013, o Sudão do Sul cai no pesadelo de uma nova guerra civil, que depois, não obstante os acordos de paz, reacende em julho de 2016. A combater entre si, os grupos que apoiam o Presidente Salva Kiir, da etnia Dinka, e aqueles ligado ao seu ex-Vice, Riek Machar, da etnia Nuer.

Assim perpetuam-se as mortes de civis, os estupros, torturas e saques. Já são mais de 100 mil as pessoas submetidas à fome e à carestia, e são entre 2 e 3 milhões os sudaneses deslocados ou fugidos aos países limítrofes. Sobre esta dramática situação, eis o relato de Dom Lodu Tombe:

“Neste momento, o Sudão do Sul vive a condição de uma guerra civil. Existem assassinatos, existem pessoas que fogem para os países vizinhos, agressões e destruições de igrejas estão na ordem do dia, mas as pessoas do país ainda estão convencidas de que cedo ou tarde tudo isto acabará. Nós todos temos esperança de que esta difícil situação acabe logo. Não sei quantificar o tempo, mas acabará, porque quer a Igreja, quer as pessoas, quer o governo, querem colocar fim a esta difícil situação em nosso país”.

O Papa Francisco havia lançado um apelo em favor do país na Audiência Geral da última quarta-feira. Havia pedido para que se fizesse chegar ajuda alimentar às populações sofredoras. Em uma recente mensagem pastoral, também os bispos sudaneses lançaram um veemente apelo ao mundo, para que as partes envolvidas no conflito voltassem à mesa de negociações, reiterando a sua disponibilidade de mediar este diálogo. Qual, portanto, o empenho da Igreja neste momento?

“A nossa intervenção, antes de tudo, tem por objetivo fazer com que o apelo que o Papa Francisco lançou, em 22 de fevereiro passado à comunidade internacional, chegue realmente também às populações do Sudão do Sul. A crise atual é muito dura e o Papa disse que a comunidade internacional deve olhar para o sofrimento da população do Sudão do Sul. Portanto, também a nossa voz lança um apelo e o próprio governo do Sudão do Sul declarou que existem milhares de pessoas que estão passando fome no país. Por isto o nosso empenho é, antes de tudo, o de tomar consciência do sofrimento das pessoas. A catástrofe humanitária requer uma resposta urgente e nós pedimos à comunidade internacional para vir em ajuda das pessoas que no Sudão do Sul estão morrendo de fome”.

E tudo isto com a esperança de que o Sudão do Sul volte, finalmente um dia, a respirar a paz.

(dd/je)








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