Água e floresta: do Vaticano, sugestões para combater as mudanças climáticas


Cidade do Vaticano (RV) - Prossegue na Pontifícia Academia das Ciências o Seminário “O Direito Humano à Água”. Na manhã de sexta-feira, 24, os debates envolveram questões como “A inovação na gestão pública nos serviços de água e saneamento” e “O mundo do trabalho diante da cultura do descarte”.

No final do primeiro dia do encontro, a Amazônia foi tema de um painel muito apreciado pelos congressistas. Dom Cláudio Hummes, Cardeal Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, fez uma explanação abrangendo a relação entre a água e a floresta, ambos ameaçados pelas alterações climáticas. “Se o calor aumentar, nosso jardim vai se queimar”, afirmou, propondo como resposta a redução do uso de energias fósseis, que geram emissões de gás carbônico, provocando o efeito estufa.

Participa como ouvinte no Seminário a atriz e produtora Christiane Torloni, que está realizando o documentário “Amazônia, da Cidadania à Florestania - Um Despertar”. Desde a década de 80 uma defensora da causa ambiental, ela foi também uma das organizadoras do movimento ‘Amazônia Para Sempre’, que recolheu mais de um milhão de assinaturas contra o desmatamento. Em entrevista à RV, ela afirma que “a água e a floresta são uma coisa só”.

“Na verdade, estou aprendendo muito sobre a água. Tenho um documentário sobre a Amazônia, sobre o Brasil, e o tema da água é muito importante dentro deste novo conceito que está surgindo que é conceito da florestania, que é o direito da floresta ficar em pé, o direito das pessoas que vivem da e na floresta continuarem dentro dela. A água e a floresta são uma coisa só. Então, estou tendo a oportunidade de vir ‘beber’ desta água aqui”.

“Antes da Laudato si ser lançada, este trabalho tinha uma perspectiva. Depois que o Papa trouxe esta Encíclica ‘verde’, mudou tudo, porque se percebe que isto está sendo pensado de uma maneira muito mais profunda. Ser chamado à uma conversão ecológica – independentemente de sua fé, do seu credo, de sua raça... esta fraternização do nosso planeta, através de uma mensagem ecológica é, para mim, a mensagem mais revolucionária que eu tive a oportunidade de ouvir na minha vida”.

“Estar próximo do Papa, de onde isto nasceu, estar aqui na Academia, nos coloca mais alinhados com a fala da Laudato si. E acabou entrando no filme também, naturalmente, porque faz parte da nossa história, do nosso tempo”.

“A vinda da Laudato si e a proximidade de Dom Cláudio Hummes ao Papa Francisco, vão potencializar o trabalho que a Igreja já fazia deste a Teologia da Libertação... agora é uma teologia que liberta a alma verde em nós. Esta alma estava um pouco adormecida. A presença de Dom Cláudio no Brasil, para este projeto, é essencial.  Deus escreve certo por linhas tortas”.

“A Amazônia está propondo o maior desafio para nós, principalmente para os brasileiros, que somos os guardiões da Amazônia. Ou mantemos a Amazônia em pé, salvando-a da soja, das queimadas, dos bois, a aprendemos a ter tudo e a Amazônia, ou vamos ficar sem nada, inclusive sem o planeta. Então nós, que achamos a Amazônia uma ‘coisa exótica’, estamos descobrindo que estamos no centro do órgão vital do planeta e vai caber a nós uma mudança histórica de comportamento e de consciência, com certeza”.

“Se perdermos esta ocasião, será uma perda para nós e para os nossos. Este é o legado geracional, e é por isso que estamos todos aqui, hoje. Houve um chamado, não é por acaso que todos estamos aqui”.

(CM)








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